Podcast Quatro paredes e uma janelaFernanda Torres e Branca Vianna discutem as semelhanças entre Anatomia de uma queda e o caso Ana Mendieta e as difíceis relações de poder num casalNo 109º episódio do podcast 451 MHz, a atriz e escritora Fernanda Torres e Branca Vianna, apresentadora do Rádio Novelo Apresenta, conversam sobre Anatomia de uma queda, o filme da diretora Justine Triet vencedor do Oscar de melhor roteiro este ano. As semelhanças entre o enredo da ficção e a história da artista cubana Ana Mendieta — que morreu em 1985 ao cair da janela do apartamento do companheiro, o escultor Carl Andre — chamaram a atenção de alguns observadores mais atentos como Branca, que escreveu sobre o tema na Quatro Cinco Um de março.
Carl Andre foi absolvido da acusação de causar a morte da mulher, assim como a protagonista do filme. Branca observa que, como o casal de Anatomia de uma queda, os dois haviam tido uma discussão sobre suas respectivas produções artísticas.
“No caso da Ana Mendieta e do Carl Andre, a gente nunca tem como saber se isso é verdade ou não, mas ele diz que ela teria ficado muito chateada porque eles tiveram uma discussão de que ele era um artista mais exposto ao público do que ela, quer dizer, não um artista melhor, mas mais conhecido — que é mais ou menos a briga de Anatomia de uma queda. E por isso, ela teria se matado”, afirma. Ouça a integra do episódio do 451 MHz no site Leia também: Mais do que culpa ou inocência em Anatomia de uma queda, precisamos refletir sobre a dinâmica de poder em um casal heterossexual (No topo da newsletter, cena do filme Anatomia de uma queda, de Justine Triet/Reprodução)
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Memória
Para conhecer a obra de Maryse Condé Escritora morta aos 90 anos deixou mais de trinta títulos, que tratam de temas como sexualidade, colonialismo e a diáspora africanaMorreu no último dia 2, aos 90 anos, Maryse Condé, escritora de Guadalupe, ilha francesa no Caribe, que deixou uma extensa obra, com cerca de trinta títulos entre romances, contos, ensaios e teatro. Condé sofria de um distúrbio neurológico degenerativo que havia afetado sua fala e visão e se recuperava de um acidente vascular cerebral. Mesmo assim, não deixou de publicar: os últimos livros foram ditados para o marido, o tradutor Richard Philcox. O primeiro romance, Hérémakhonon, foi publicado em 1976, quando a escritora tinha 42 anos — e provocou a ira de líderes africanos, que mandaram destruir o livro que denunciava a corrupção nos países recém-independentes. Em 2018, recebeu o The New Academy Prize em literatura, o prêmio alternativo ao Nobel, suspenso aquele ano por um escândalo sexual. Condé passou a ser publicada só recentemente no Brasil, com a edição, pela Rosa dos Tempos, de três de suas obras: Eu, Tituba: bruxa negra de Salém (2019), O evangelho do novo mundo (2022) e O fabuloso e triste destino de Ivan e Ivana, em fevereiro deste ano. Também em 2022, a Bazar do Tempo publicou O coração que chora e que ri: contos verdadeiros da minha infância, no qual a autora narra sua infância e adolescência em Guadalupe e a descoberta de sua identidade negra em Paris, onde estudou na Sorbonne. |
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Listão Romance, ‘colapsologia’ e históriaLançamentos incluem novo romance de Leïla Slimani e um ensaio sobre MaquiavelVeja as novidades nas prateleiras de autoras e autores de língua francesa.
Inspirado na própria história da escritora franco-marroquina, autora de Canção de ninar (Tusquets, 2018), O país dos outros (Intrínseca) é parte de uma trilogia que começa na década de 50 e segue até os anos 2000. Os livros contam a história de três gerações de uma mesma família, num contexto de colonização marcado por racismo e violência, contou Slimani em entrevista a Adriana Ferreira Silva para a Quatro Cinco Um. Uma análise interdisciplinar e crítica do fim das bases sobre as quais a vida humana está assentada hoje, Como tudo pode desmoronar: pequeno manual de colapsologia para uso das gerações presentes (Perspectiva), de Pablo Servigne e Raphaël Stevens procura apontar caminhos e iniciativas que já existem para um “mundo pós-carbono”.
Publicado há cinquenta anos na França, O trabalho da obra de Maquiavel (Todavia), resultado da pesquisa de doutorado do professor de filosofia política Claude Lefort, inaugurou uma leitura inovadora de um dos fundadores da ciência política. O Maquiavel de Lefort está além do conselheiro do príncipe: é o pensador da divisão social, dos impasses da política e dos desafios da liberdade. Veja mais lançamentos no listão da semana
(No alto, Leïla Slimani/Philippe Matsas/Reprodução) |
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