Pantanal em chamas: bioma já contabiliza quase 2,3 mil focos de incêndio em agosto Com as temperaturas voltando a subir e a umidade do ar despencando, condições voltam a ficar favoráveis ao fogo e dificultam o trabalho de combate. O frio e a chuva que atingiram grande parte do Centro-Sul do Brasil nos últimos dias trouxeram algum alívio ao Pantanal, ajudando a reduzir os focos de incêndio que vêm castigando o bioma quase que sistematicamente desde junho. No entanto, com as temperaturas voltando a subir e a umidade do ar despencando na região, as condições meteorológicas voltam a favorecer o fogo e dificultar o trabalho de combate às chamas. Segundo o programa BDQueimadas, do INPE, 2.241 focos de incêndio foram registrados no Pantanal de 1º de agosto até 3ª feira (13/8). As cidades com mais focos neste mês são Corumbá, Aquidauana e Miranda, no Mato Grosso do Sul; e Barão de Melgaço e Cáceres, no Mato Grosso. Desde o começo do ano, já foram registrados 6.997 focos de incêndio no bioma, detalha o Poder 360. Desde a noite de 2ª feira (12/8), nove focos preocupavam o Corpo de Bombeiros. Desses, seis estavam no bioma sul-mato-grossense, dois no Mato Grosso e um em área florestal do município de Naviraí, na divisa com o Paraná. No Mato Grosso do Sul, um incêndio que está afetando a região pantaneira de Miranda, próximo a Salobra, é o mesmo que começou após um caminhão pegar fogo em Corumbá, estendeu-se até a BR-262 e obrigou o bloqueio da via, além da remoção de pessoas, explica o Campo Grande News. O combate ao fogo segue nas proximidades da Serra do Amolar, do Paiaguás e do Forte Coimbra. Foram identificados ainda focos perto de Passo da Lontra, na Estrada Parque Pantanal. E o fogo também ameaça a Terra Indígena Kadiwéu, na divisa entre a Bolívia e Mato Grosso do Sul, informa o Correio do Estado. De acordo com informações do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA) da UFRJ, 1.533.200 hectares – cerca de 10 vezes a área da cidade de São Paulo – foram queimados no Pantanal de 1º de janeiro até 13 de agosto. Estima-se que apenas em junho foram queimados 440.000 hectares, quase o dobro do recorde anterior para o mês, de 257.000 hectares, e quase 50 vezes a média histórica para junho, de 8.300 hectares. O estudo de atribuição sobre os incêndios no bioma, feito pela rede de cientistas climáticos World Weather Attribution (WWA), mostrou que as condições quentes e secas e de vento que agravaram o fogo foram 40% mais intensas e de quatro a cinco vezes mais prováveis por conta das mudanças climáticas, que são causadas principalmente pela queima de combustíveis fósseis. Em tempo 1: O trabalhador rural Edson Genovêz, de 32 anos, morreu na 3ª feira (13/8), após ter 90% do corpo queimado enquanto abria um aceiro - espécie de barreira natural - contra incêndios que consumiam a fazenda em que ele trabalhava, no Pantanal, em Corumbá (MS). Edson trabalhava em um trator abrindo um aceiro e foi atingido pelo fogo quando o vento mudou de direção, levando as chamas para o local onde ele estava. Ele estava internado no Centro de Tratamento Intensivo da Santa Casa, de Campo Grande, desde o dia 8 de agosto, informa o g1. Em tempo 2: Um sopro de esperança no meio do sofrimento: apesar de o fogo ter destruído vegetação e ninhos no Pantanal, nasceu o primeiro filhote de arara-azul do período reprodutivo de 2024. As imagens foram compartilhadas nas redes sociais do Instituto Arara Azul, relata o g1. "Esperança de um novo renascer, de um novo modo de viver, de um novo Pantanal, que vai precisar ainda mais do nosso cuidado e da nossa atenção. E quando dizemos nossa, não é só dos pesquisadores que estão em campo, mas de cada um de NÓS que vive neste planeta e usufrui de todas as benesses que ele proporciona. Esse é um recurso de todos, até mesmo de quem está longe, geograficamente!", diz a postagem do instituto. Mais de 90% do ouro brasileiro importado pela Europa tem origem em áreas com risco de ilegalidade Segundo análise do Instituto Escolhas, todo o ouro brasileiro comprado pela Alemanha e 71% do metal importado pela Itália vêm de áreas amazônicas com garimpo ilegal. A ilegalidade segue sendo a marca na cadeia brasileira do ouro. Um estudo divulgado nesta semana pelo Instituto Escolhas apontou que mais de 90% do ouro brasileiro importado por países europeus no ano passado teve origem em áreas com alto risco de ilegalidade, principalmente nos estados de Amazonas e Pará. De acordo com a análise, 94% do ouro comprado pela União Europeia do Brasil pode ter vindo de áreas de garimpo ilegal. Além do metal comprado direto do garimpo, parte substancial do ouro brasileiro vendido aos europeus também passou pelo estado de São Paulo, onde estão sediadas boa parte das distribuidoras de títulos e valores mobiliários (DTVM) que servem como intermediárias da operação. No total, a Europa importou cerca de 1,7 tonelada de ouro do Brasil em 2023, dos quais 1,5 tonelada saíram de áreas de alto risco de ilegalidade. Isso significa que pelo menos US$ 93 milhões dos US$ 99 milhões comercializados no ano passado podem ter vindo do garimpo ilegal na Amazônia. Os principais importadores de ouro brasileiro foram a Alemanha, com quase 1,3 tonelada, avaliada em US$ 78 milhões, e a Itália, com 254 quilos do metal. Segundo o Instituto Escolhas, todo o ouro comprado pelos alemães no Brasil saiu de áreas com risco de ilegalidade; já os italianos compraram 71% do ouro brasileiro nessa condição. “[As empresas compradoras de ouro da Europa] não podem dizer que tem uma política responsável de compras. Essas empresas não têm ideia de onde ele foi extraído e quem o vendeu aos comerciantes para exportação”, afirmou Larissa Rodrigues, diretora de pesquisa do Instituto Escolhas, à Reuters. “A União Europeia tem muitos pontos cegos na sua política de due diligence”. CNN Brasil e Folha também repercutiram a notícia. Em tempo 1: Por falar em garimpo, o governo federal trabalha com a meta de acabar definitivamente com a extração ilegal de ouro e outros minérios da Terra Indígena Yanomami até o fim de setembro. Segundo o diretor da Casa de Governo em Boa Vista (RR), Nilton Tubino, a intenção é fechar definitivamente o cerco aos garimpeiros que ainda atuam no território para avançar na implementação de novas políticas para a proteção das comunidades indígenas Yanomami. A Folha de Boa Vista deu mais detalhes. Em tempo 2: Ainda sobre o garimpo ilegal, a Polícia Federal e a FUNAI realizaram uma operação de fiscalização no último sábado (10/8) na Terra Kayapó. Os agentes encontraram e destruíram uma balsa de garimpo, estimada em R$ 250 mil, e também apreenderam uma caminhonete e um barco tipo voadeira. Um homem foi identificado como dono do garimpo fluvial e responderá a inquérito policial. A notícia é do g1. AGU encerra “conciliação” sobre combustíveis fósseis na foz do Amazonas Órgão propôs “câmara de conciliação” entre Minas e Energia e Meio Ambiente apesar de Marina Silva “explicar” que licenças do IBAMA são técnicas, não políticas. A Advocacia Geral da União (AGU) arquivou o procedimento de conciliação sobre o bloco FZA-M-59, na foz do Amazonas, onde a Petrobras quer perfurar um poço para explorar combustíveis fósseis. A abertura do processo foi solicitada pelo órgão à Câmara de Mediação e de Conciliação da Administração Pública Federal (CCAF) em agosto de 2023. Desde então, foram realizadas cinco reuniões na tentativa de encontrar um consenso quanto à licença ambiental para a perfuração do poço. Pedida pela Petrobras, a licença foi negada pelo IBAMA em maio de 2023. Pouco depois, a petroleira solicitou que o órgão ambiental reavaliasse sua decisão. E desde então vem pressionando politicamente pela liberação do documento, com a ajuda dos ministérios de Minas e Energia e da Casa Civil. A AGU desistiu de prosseguir nos trabalhos de mediação alegando “ausência de voluntariedade” do Ministério do Meio Ambiente e do IBAMA nas reuniões. O termo é usado por técnicos para descrever baixa disposição para alcançar um consenso, explica a CNN. Questionado pela epbr, o IBAMA informou que participou de todas as reuniões e endossou não haver controvérsia jurídica no caso. O órgão ambiental explicou que a negativa da licença para o FZA-M-59 se deve a deficiências no plano de atendimento às respostas de emergências, especialmente no que diz respeito à fauna, e no plano de comunicação social da atividade. Toda essa perda de tempo poderia ter sido evitada se AGU, Petrobras, Minas e Energia e Casa Civil tivessem escutado o que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse em agosto do ano passado, quando surgiu a proposta de “conciliação”. Na ocasião, Marina reiterou que o IBAMA não dá licenças ambientais políticas, mas técnicas. “Alguém vai teimar com a ANVISA quando ela diz ‘esse remédio é tóxico’? Mandar para uma decisão política, se um remédio é tóxico ou não? Existem alguns órgãos da gestão pública que dão parecer técnico. E em um governo republicano a gente olha para o que a ciência está dizendo”, disse a ministra. Movimentos sociais lançam cartilha sobre o fracking no Maranhão Documento apresenta de forma didática os impactos ambientais e sociais do fraturamento hidráulico, prática que já foi banida em vários países, mas não no Brasil. O fracking, ou fraturamento hidráulico, é uma técnica não convencional usada para explorar petróleo e gás fóssil. Por utilizar água em volume abundante, misturada com produtos químicos altamente poluentes, e provocar explosões nas rochas, o método tem alto impacto ambiental e social. Por conta disso, foi proibido em vários países do mundo, como Alemanha, França e Reino Unido. Mas o fracking continua ameaçando o Brasil. O governo anterior lançou o edital “Poço Transparente”, para disseminar a prática no país. Embora não tenha caminhado, o edital não foi extinto pelo governo Lula, que também não promulgou leis proibindo o método. Ao contrário de alguns estados, como Paraná e Santa Catarina, que criaram legislações anti-fracking. Contudo, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, insiste em incentivar a prática. No Maranhão, que não criou nenhuma barreira legal para a técnica, a Eneva, que já explora gás fóssil no estado, inclusive em áreas próximas a Terras Indígenas e Quilombolas e Comunidades Tradicionais, pressiona para usar o fraturamento. Por conta disso, organizações da sociedade civil organizaram a campanha “Boas energias: Maranhão sem fracking”, que lançou o apelo “Cancela o fracking, Brasil!”, pedindo a revogação do “Poço Transparente”. Agora a campanha está lançando uma cartilha sobre o fraturamento hidráulico e seus riscos para o Maranhão. O documento foi elaborado pela Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA), Associação Maranhense para Conservação da Natureza (AMAVIDA), 350.org, Articulação do Semiárido no Maranhão (ASA) e Instituto ClimaInfo. “A cartilha explica de forma didática, com uma linguagem simples e acessível, os danos que o fracking pode provocar às pessoas, às comunidades e ao meio ambiente do Maranhão. São informações importantes, que precisam ser conhecidas, e que, por razões óbvias, não serão apresentadas pela Eneva ou qualquer outra empresa que queira explorar petróleo e gás fóssil no estado. Nosso objetivo é levar informação qualificada para as comunidades”, explicou a analista ambiental do ClimaInfo, Ana Carolina Marçal. Em abril do ano passado, um grupo de indígenas Mapuche, da Argentina, esteve em São Luís para fazer um alerta sobre os impactos da prática. Territórios Mapuche estão sendo atingidos pelo uso do fraturamento hidráulico em Vaca Muerta, na Província de Neuquén, na Patagônia argentina. Recentemente, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) apresentou um substitutivo ao Projeto de Lei 1.935/2019, que proíbe o fracking no Brasil. O texto é similar ao que foi apresentado pelo então deputado Rodrigo Agostinho, hoje presidente do IBAMA. “Debi e Lóide”, versão climática: as idiotices da conversa entre Trump e Musk A entrevista de Donald Trump e Elon Musk revelou o óbvio ulutante: os queridinhos da extrema-direita global não sabem bulhufas sobre a crise climática. Quem teve o desprazer de acompanhar a “entrevista” do bilionário Elon Musk com o ex-presidente dos EUA Donald Trump no falecido Twitter foi brindado com um show de horrores. Noves fora o mico técnico, que atrasou a conversa em quase uma hora, a dupla mais celebrada do momento pela extrema-direita global mostrou que, a despeito das tagarelices sobre o assunto, eles não sabem o básico do básico da ciência climática. A começar pelo candidato republicano. Trump repetiu as asneiras de sempre sobre as mudanças climáticas: minimizou os riscos do problema, criticou os apelos de cientistas e ativistas para redução das emissões de gases de efeito estufa e mostrou toda a sua indiferença às vítimas dos eventos extremos. “A maior ameaça não é o aquecimento global, onde o oceano vai subir alguns milímetros nos próximos 400 anos. (...) E você terá mais propriedades à beira-mar”, vomitou Trump. Para retificar: a expectativa de aumento do nível do mar não é de “alguns milímetros”, mas sim de 25 a 30 centímetros nos próximos 30 anos. Um aumento dessa proporção praticamente tornaria um dos orgulhos imobiliários de Trump, a infame Trump Tower em Nova York, em uma “propriedade à beira-mar”. Nada disso foi rebatido por Musk, outrora defensor da urgência do enfrentamento à crise climática. O máximo que o dono da Tesla fez foi dizer que a transição energética seria necessária, mas não na velocidade defendida pelos cientistas. Musk também defendeu a continuidade do consumo de combustíveis fósseis e criticou a “difamação” do Big Oil. “Se parássemos de usar petróleo e gás agora mesmo, estaríamos todos morrendo de fome e a economia entraria em colapso. Com o tempo, queremos mudar para uma economia de energia sustentável porque, eventualmente, você acaba ficando sem petróleo e gás”, disse Musk, ignorando completamente os repetidos alertas da comunidade científica sobre a urgência de acabar com a queima de combustíveis fósseis para evitar mudanças climáticas mais intensas. O Guardian destacou a reação de cientistas e ativistas climáticos às baboseiras de Trump e Musk. Para o ativista Bill McKibben, a discussão “mergulhou em níveis inteiramente novos de estupidez” e foi “a conversa mais idiota sobre o clima de todos os tempos". “Os impactos danosos das mudanças climáticas, em particular de eventos extremos, estão, na verdade, em muitos aspectos, excedendo as previsões feitas há apenas uma década. É triste que Musk tenha se tornado um negacionista”, destacou o cientista Michael Mann, um dos principais pesquisadores internacionais sobre a crise climática. A conversa entre Trump e Musk deixou claro que um eventual segundo governo do candidato republicano nos EUA desmontará todos os avanços conquistados nos últimos quatro anos pela gestão do democrata Joe Biden na seara climática. Não que faltassem evidências suficientes disso - afinal, isso está escrito e documentado no polêmico “Project 2025”, formulado por ex-auxiliares de Trump na Casa Branca como um roteiro de ação em caso de vitória nas eleições de novembro. Entre as medidas propostas, estão a revogação da Lei de Redução da Inflação (IRA), que consolidou o primeiro pacote de medidas climáticas em nível federal nos EUA; o fim dos subsídios a fontes de energia renovável e carros elétricos (e aos teslas de Musk, será que ele não se deu conta disso?); e a liberação imediata de novas explorações de petróleo e gás em áreas federais. Um estudo do think tank Energy Innovation (EI) estimou que a implementação das medidas anticlima propostas pelo Project 2025 resultaria no aumento das emissões de gases de efeito estufa dos EUA da ordem de 2,7 bilhões de toneladas acima da trajetória atual até 2030. Como apontou o Guardian, esse volume seria comparável às emissões totais anuais da Índia, o país mais populoso do planeta. Não à toa, grupos ambientalistas e climáticos apostam na disseminação do Project 2025 entre o eleitorado norte-americano para informá-lo sobre o radicalismo político de um novo governo Trump e seus impactos potenciais na luta contra a crise climática. A Bloomberg deu mais detalhes. Tempestade Ernesto atinge Porto Rico e ganha força de furacão A tempestade deixou mais de 730 mil pessoas sem energia em Porto Rico e avança como furacão de categoria 1 em direção a Bermudas. A ilha de Porto Rico ainda contabiliza os prejuízos depois da passagem da tempestade Ernesto na noite da última 3ª feira (13/8). De acordo com as autoridades locais, mais de 730 mil pessoas ficaram sem energia elétrica, quase metade dos quase 1,5 milhão de clientes da rede local. Cidades inteiras ficaram sem energia. Escolas e repartições públicas permaneceram fechadas nesta 4ª feira (14) em Porto Rico e nas Ilhas Virgens Americanas, onde grandes inundações foram relatadas em diversas áreas, forçando as autoridades a bloquear estradas, algumas das quais cobertas de árvores. Mais de 140 voos de e para Porto Rico também foram cancelados. Felizmente, não havia registro de vítimas fatais até a tarde de ontem. Como destacou a Bloomberg, um dos principais temores entre os porto-riquenhos era o impacto da tempestade na rede elétrica, que ainda sofre com os efeitos da passagem do furacão Maria há sete anos. Mesmo com investimentos recentes, a rede elétrica da ilha ainda é bastante exposta às intempéries climáticas e a manutenção é problemática em algumas áreas. A passagem de Ernesto por Porto Rico não deixou apenas um rastro de destruição para trás, mas também deu mais potência à tempestade, que se transformou em furacão de categoria 1. A expectativa dos meteorologistas é de que Ernesto continue ganhando força nos próximos dias e se torne um furacão de categoria 3 antes de atingir as Ilhas Bermudas. ABC News, Associated Press, CBS News, NY Times, Reuters e Washington Post deram mais informações sobre a passagem de Ernesto por Porto Rico. |
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