Minha Vida é uma arte.
De Mecânico para lenhador, lenhador para fundição, fundição
para ourives, ourives para artista plástico, tive que sujar as mãos de graxa,
cortar lenha, derreter metais, e fazer joias, para um dia ser artista plástico,
todas essas profissões me ajudaram com arte.
Usei a mecânica para fazer meus quadros com geometria.
Usei meus meses de lenhador para fazer meus cartões de
visita de madeira.
Usei meus meses com fundição para fazer uma tela que
resistisse ao fogo.
Usei meu curso de joalheria para fazer micro arte.
Comecei minha vida na graxa de Deus, isso mesmo, não é graça
de Deus, é graxa mesmo, preta e suja, e nunca pensei em colorir minha vida,
estava feliz sendo mecânico, mas a vida tinha planos para mim.
Um dia lindo, tranquilo, tive uma visita de um cliente que
teve seu veiculo parado em frente à oficina por ter um pequeno defeito, vindo
de São Paulo o sr Marcos Roberto Vassalo, estava passeando com sua esposa
quando seu carro parou, efetuei o atendimento e papo vai papo vem ele me disse
assim: Wesley sai dessa vida, a principio fiquei assustado, mas entendi que ele
queria o melhor para mim. Tornei a perguntar e especular o porquê ele me falou
isso, e ele falou que um Cara com a minha capacidade estava projetando cascos
de navio e queria que eu fizesse o mesmo, então me ofereceu um emprego na AV
Paulista, eu tornei a remediar, Vassalo, não tenho curso e nem estudo para tão
função, ele me disse que não esta pedindo nada, e sim iria me fornecer o que
fosse preciso para a função de projetista. Eu sempre trabalhei com meu Pai, e
me senti meio fora da minha terra, e ainda quando cheguei lá, vi o lugar limpo,
pessoas bem vestida, todos falando em inglês, e fazendo projetos em autocad, Eu
nunca cheguei perto de um computador, isso me animou por ele ter dado valor ao
meu trabalho, reconhecido que posso fazer melhor, mas me assustou, voltei para
casa e não quis saber da oficina, Meu Pai não gostou e abandonou a oficina
também, nesse tempo fiquei sem fazer nada, e nem sabia o que fazer, não me
lembro quem me emprestou um livro chamado o voo do búfalo, e depois desse alguém me emprestou o código
da Vinci, são livros que hoje me ajudam muito.
Nesse tempo meu Pai resolveu cortar lenha e fornecer para
padaria e pizzaria, era bom que dava para trocar lenha por pizza, mas começou
do zero, ferramentas usadas e um caminhão péssimo, sem freio e sem farou, Eu
adorava aquilo, o caminhão tinha uma folga enorme na direção, na estrada de
terra ele não parava reto, de manha não funcionava e tinha que colocar fogo com
uma estopa na entrada de arte para funcionar, foi ai que aprendi a cortar,
medir e carregar lenha a afiar uma corrente e a fazer lascas, usei isso para
fazer bandos, mesas e ate meu cartão de visita que era de madeira pirogravada, Eu
não tinha dinheiro para comprar cartões, mesmo ele sendo barato, mas isso fez
uma diferença, Eu tinha cartões iguais as do Flintstones, que ate hoje quem tem
guarda a sete chaves.
Com essa oportunidade, resolvi sair da lenha e fazer moveis
de madeira bruta para jardim, comprava toras brutas de 2,50 metros e com a
motosserra, tirava as taboas que ficavam ásperas e com os riscos da corrente,
tinha que lixar, muito trabalho e pouco lucro, poucos davam valor a peças
artesanais, foi ai que desisti.
Fiquei novamente sem rumo, mas surgiu uma oportunidade de
fazer um curso de ourives, fiz duas semanas, mas aprendi a medir, cortar,
limar, polir e sodar coisas muito pequenas. Onde moro não tinha uso dessa
profissão, então fiquei parado novamente.
Um senhor Chamado Vagner, passou por Mombuca e lembrou que
Meu Pai trabalhava com lenha, e me ofereceu um emprego fazendo moveis e peças
para jardim, troncos de arvore com casinha e bolachas para piso e algumas
coisas enfeitadas com cipó, cheguei a fazer caixas decorativas para por vazo de
flor, chamado cachepo, mas novamente foi difícil ver lucro, pois era em
produção, e recebia em 30, 60 e ate 90 dias, o lucro ia na troca dos cheques,
isso quando eles não voltavam sem fundos, voltei a ficar parado novamente, mas
muitas pessoas que passavam por aqui olhavam as peças decorativa e traziam
pedidos, com a revista na mão, falava se Eu conseguia fazer, quando Eu olhei os
valores, me entusiasmou muito, e foi ai
que comecei a trabalhar com madeira industrializada, comecei a fazer quadros de
madeira, moveis, ramos de flores, dragões, cavalos, beija flor, e aos poucos
foi criando novas ideias como arte em painéis, Eu ia fazendo e colocando no
salão, não tinha muita procura, mas fui estocando, usava o resto de tinta que
sobrava dos pedidos, Eu não pintava telas porque não sobrava dinheiro para
comprar, então fazia meus quadros de madeira, e algumas eram grossas que dava
para esculpir, redondo, quadrado, retangular, fazia de tudo, fiz ate garfo e
faca para decorar a cozinha, o material que sobrava aproveitava o máximo, mas o
que era pequeno demais tinha que jogar fora e queimar, mas um dia me deu um
estralo e resolvi parar de queimar e com os caquinhos montei esculturas,
empilhando e colando um sobre o outro formou esculturas super bacanas, fiz
muitas, mas nunca ouve interesse em comprá-las, então tive problemas com
vendas, elas empoeiravam e passava anos sem ninguém perguntar valor ou
demonstrava interesse, foi ai que resolvi queimar, mas hoje isso é chamado de
performance, EU digo que é desespero, mas peguei uma câmera e filmei as
esculturas queimando, Arte é difícil, publico especifico, olha, quando o
artista não tem nome, ninguém quer comprar, e quando ele tem nome, ninguém
compra porque é caro demais, então não vendo nunca, isso acontece ate hoje,
passei anos para vender, e com muita arte acumulada, precisei tomar uma
atitude, mas não poderia queimar tudo, vou presentear, mas tentei vender por
qualquer preço, tive uma ideia, vou num restaurante de um amigo que já tinha
comprado algumas peças, mas sempre vendi barato porque se não ia empoeirar,
paguei o frete para ir, sabendo que iria vender todas, com uma carta na mão,
coloquei assim, ARTE SEM PREÇO, VALORISE VOÇÊ, com vários comentários, tipo,
vou levar dez por um real, Eu falei, onde esta seu carro que ajudo a carregar, saíram
rindo. Pois voltei com os 60 quadros, desesperado, tentei presentear, sem
sucesso, liguei para uma amiga
professora de arte e expliquei a situação. Em 20 minutos ela estava aqui e
carregamos tudo e ainda choveu, mas aqui é coberto e tinha lona para cobrir às
pelas, mas ela se recusou a doar, então tentou vender, levou dois mês e nada,
tive que ajudar a presentear, mas ate hoje faço telas e ainda pago o frete
quando dou de presente, claro quando alguém quer, sempre faço em meu face
brincadeiras como quem tiver o melhor sorriso ganha essa tela, é uma festa, mas
o custo é todo meu, se Eu colocar preço não vendo.
‘’Mas não acabou, não desisto nem morto, pois minha arte
vivera depois da minha morte”. comecei a chamar atenção quando queimei alguns
quadros, mas destrói-a tudo, resolvi fazer algo bem resistente, depois de
queimar dezenas de quadros, surge um que não pegou fogo, um quadro muito
especial, pintei em formato de tiras como um arco íris, ficou bacaba, mas no
dia seguinte surge uma imagem de um rosto, um rosto que pensa e sai de sua
cabeça uma nevoa que parece que esta criando algo, para mim, o universo, esse
quadro não pega fogo.
Tenho algo com o fogo, quando trabalhei com fundição, a
temperatura era alta o fogo circulava formando um tornado, isso dava medo mas
ao mesmo tempo um espetáculo, colocava metais em um vaso chamado cadinho,
ficava impressionado com aquilo, o metal rígido ficava frágil e se transformava
em liquido, e tomava qualquer forma. Impressionante, acho que foi ai que me
ajudou a desapegar e criar minhas performance.
Mas nesse mundo gigantesco, tem sempre alguém fazendo coisa
boa, e nova, precisei de algo novo, algo para chamar a atenção, mas o que?
Muitos já fizeram, tem muito artista que nem vejo porque tem trabalhos
magníficos, foi ai que resolvi fazer algo com as ferramentas de joalheria que
estava parado a muito tempo, o que? Olhei encima da mesa uma revista que tinha
uma bandeira do brasil, acho que tinha uns 6 centímetros, a ideia foi tomando
minha consciência, peguei as ferramentas, uma capinha de alumínio que achei no
chão e tintas guache que Meu Pai comprou para meu sobrinho no mercado, ou fazer
uma tela em miniatura, fiz a primeira e ficou magnifica com 9 milímetros, minha
consciência desafiadora, me mostrou que com minha capacidade poderia diminuir
mais, assim foi, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2 e chega. Era tão pequeno que não dava mais, um erro e
a moldura tinha que fazer outra, a tela era tão pequena que ao respirar fazia
um risco e perdia tudo, mas minha consciência queria me matar, não é possível,
ela quer que Eu diminua mais, só por DEUS mesmo, então vamos tentar, vou fazer
a moldura primeiro, se der certo pinto algo, levei o dia todo naquela moldura,
não poderia ter erro, furei com uma broca de 6 décimos de milímetro, mas como
deixar algo redondo quadrado,? Hoje tem limas que fazem esse serviço, mas EU
não tinha, então com os dentes da serra que era menor que a broca fui moldando
ate ficar quadrado, mas esse desafio foi superado, mas o que pintar em um
espaço tão pequeno, a principio dois riscos verde e amarelo seria
representativo a bandeira Brasileira, mas treinei bastante para fazer e aos
poucos foi surgindo a bandeira perfeita, mas faltou o redondo azul, tremendo
muito por ter já feito o verde e o amarelo, se errasse o redondo não ficaria
legal, mas DEUS mandou anjos ou ele mesmo estava lá, e pingou a gota azul, fiou
certinho mas era tão pequena que não diluiu, fiou redonda, mas mesmo assim
ficou bom, mas deixei por algum tempo e fui respirar, quando volto a gota
estava diluída e perfeita, mas como unir a moldura e a telinha tudo junto, mas
outro desafio, mas Eu não contava com um vento forte, estava em um lugar
tranquilo, mas ele entrou e jogou a bandeirinha ao chão, mais um desespero, mas
resumindo, consegui unir bandeira e moldura, e ainda coloquei tudo em um vidro
para não ter problemas.
Assim estou hoje, sendo um artista plástico com desafios de
mercado, sem vender, sobrevivo da mecânica e uso o dinheiro da mecânica para
conseguir manter a arte, e não para por ai, quando eu tinha ateliê passou um
senhor e me disse que minhas telas era de nível galeria, que Eu fosse procurar,
pois então mandei e-mail para maioria das galerias de São Paulo, sem sucesso, recebi
as respostas assim, minha galeria esta lotada, minhas paredes estão lotada, o
quadro de artista esta completo, sua arte não é perfil da galeria, fora as
outras que não responderam, mas não desisti, fui lá pessoalmente, de cara já
escutei, Wesley não é o artista que vem ate a galeria, quando ele é bom, a
galeria vai ate o artista.
Outra coisa, para expor em galeria, tem que pagar, e não é
barato e não tem garantia de venda.
Com esse feito das telas pequenas, fui procurar o Guinness
Book mas sem sucesso, demora meses para responder, um formulário infinito que
nem a lei Rouanet, muito formulário que é impossível conseguir algo, mas o Rank
Brasil que é uma espécie de Guinness Brasileiro também é pago, mais que justo
porque tem o registro e o troféu, mas procurei patrocínio, mas sem sucesso.
Espero que aproveite
algo e estarei aqui para mais perguntas.
Desde 2004 trabalho com arte,
Moro atualmente o interior de São Paulo e nunca imaginei ser
um artista plástico, quando Eu morava em São Paulo, sempre passava na frente de
Museus e nunca me chamou atenção e hoje saio de Mombuca para Visitar os Maiores
Museus de São Paulo.
Confesso que pela minha dificuldade de mercado e de criticas
arte não me atrai por sua historia e dificuldade.
Mas aos 5 anos gostava de desmontar meus carrinhos para ver
como funcionava e aos 10 fiz meu primeiro barco, ficou incrível, minha tia
tentou vender e sem sucesso deixou em um bar para decorar e tentar vender,
lembro que era muito caro, mas até hoje não sei que fim deu.
Para fazer esse barco caminhava por 7 quarteirões para
chegar a uma marcenaria e pedir folhas finas de madeira cerejeira. Depois da
dificuldade de venda, acho que desanimei de fazer algo assim, mas lembro que
quando peguei um ônibus com a minha Tia para levar o barco para uma cliente, os
passageiros perguntavam quem havia feio e me deram parabéns. Mas a cliente da
minha tia não comprou o barco. Acho que
era de um time de futebol que ela não gostou.
Na segunda serie escolar, pediram para montar uma banda e os
instrumentos, Eu era o guitarrista, me encarregaram de fazer uma guitarra, fiz
uma de isopor, ficou tão bom que me substituíram e me colocaram na bateria,
umas latas velhas e dois pedaços de madeira, não entendi porque o cara grande
ficou com minha super guitarra e eu com as latas velhas. Isso acontece ate
hoje, quando realizo um feito grande, alguém encobre, fazendo o titulo e o
elogio ser passado despercebido. Me
lembro que tive um elogio por um arquiteto que na época não tinha programas de
engenharia eles faziam no nanquim as plantas, e Eu fiz uma no paint, esse de
desenho de criança e pedi para o engenheiro construir a planta baixa da casa do
meu pai assim, ele me elogiou por ter feito aquilo. Noto hoje que as pessoas
não querem fazer e se sacrificar, mas querem ser.
REDES SOCIAIS
Sou um pequeno
mecânico que nas horas vagas faço arte, e sempre tento ser diferente, deixo em
anexo um pouco de como a arte mudou minha vida e espero que goste da menor
bandeira brasileira, e as telinhas e a tela que não pega fogo, estarei aqui
para mais informações caso precise. tenha um prospero fim de semana.
Micro Arte link
youtube
performance, quadro
contra fogo.
Performance, mareta
contra escultura
Escrevendo o código
da minha alma
64 códigos para
minha alma.
Arte sobre
arte.
Sou Wesley D’Amico Artista Brasileiro, nasci em 1978.
wesleydamico@gmai.com
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