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ClimaInfo, 9 de setembro de 2024 - Seca afeta economia e bolso dos brasileiros

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Uma leitura diária dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

9 de setembro de 2024

Seca afeta economia e bolso dos brasileiros

Especialistas indicam reflexos em preço de alimentos, transporte de mercadorias e valor da conta de luz; governo prevê impacto reduzido no PIB, mas monitora estiagem.

A forte estiagem que atinge a maior parte do Brasil deve ter reflexos na economia, de acordo com especialistas ouvidos pela CNN Brasil. Entre os principais pontos, estão o encarecimento dos alimentos por conta da queda na produção agrícola e de problemas no transporte das mercadorias, além do aumento da conta de energia elétrica em virtude da seca nas usinas hidrelétricas e o acionamento das termelétricas.

Entre os itens que devem encarecer mais por causa da seca, estão a laranja e a banana, frutas populares entre os brasileiros, além do café. Os impactos na safra de grãos de 2025 ainda não são conhecidos, mas a expectativa de especialistas é de que a seca possa causar perdas de até 20% do volume total esperado.

A seca também preocupa distribuidoras e transportadoras de mercadorias. Como o Jornal da Band mostrou, muitos caminhões aguardam horas ou mesmo dias na estrada por causa de incêndios e fumaça no Centro-Oeste e no interior de São Paulo. Já na região Norte, a baixa dos rios dificulta a movimentação das balsas e atravanca o transporte de produtos eletrônicos da Zona Franca de Manaus.

Outro problema causado pela seca, como pontuamos aqui, é o encarecimento das contas de luz. Na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) elevou a bandeira tarifária para “vermelha patamar 1”, a 2ª mais cara do sistema.

A alta na energia é resultado do acionamento das usinas termelétricas no Sistema Interligado Nacional (SIN) para suprir a energia que as hidrelétricas não geram por causa da seca. A previsão é de que as chuvas em setembro fiquem cerca de 50% abaixo da média, o que deve complicar essa equação para os próximos meses. 

Para o governo federal, no entanto, ainda é cedo para falar em impactos significativos da seca na economia brasileira. O Valor informou que o Ministério da Fazenda projeta impactos pontuais na atividade econômica nacional - “nada de alarmante”, de acordo com uma fonte. Técnicos do governo monitoram a situação e avaliam que os impactos dependerão do prolongamento da estiagen e de eventuais reflexos na produção de energia.

Já na questão elétrica, a avaliação do governo federal é de que não há risco de desabastecimento. “O ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico] disse que coloca as térmicas para operar [se for necessário] e que não há risco de falta de energia”, pontuou o vice-presidente Geraldo Alckmin, citado pelo Valor.

Entre os produtores rurais, a expectativa ainda é de crescimento da produção agrícola do Brasil em 2024/25, especialmente em um cenário mais chuvoso a partir de outubro. O setor espera um crescimento de até 14% em relação à última safra, com uma produção estimada de 168 milhões de toneladas. A CNN Brasil deu mais informações.
 

Amazônia seca: rio Madeira cai para o menor nível da história

Em muitos trechos, o maior afluente do rio Amazonas se transforma em bancos de areia, isolando ribeirinhos e prejudicando o transporte de pessoas e produtos.

A Amazônia está se acostumando a viver cenários distópicos, surreais para quem viveu a vida inteira na maior floresta tropical do planeta. O rio Madeira, uma das principais artérias da bacia amazônica, é o exemplo mais brutal dessa situação: onde antes a água corria abundante, agora bancos de areia se formam no leito seco do rio, como retratou Lalo de Almeida na Folha.

O rio Madeira sofre com a seca impiedosa. Na última 3ª feira (3/9), ele atingiu seu pior índice mínimo da série histórica, iniciada em 1967: dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB) indicam que a cota do rio ficou em 1,02 metro, ultrapassando o recorde anterior, de 1,10 m em 2023, ano de seca extrema na Amazônia Ocidental.

As comunidades ribeirinhas sofrem na pele com a seca intensa. A falta das chuvas prejudica seus cultivos de banana, melancia, mandioca e milho. O rio ressecado dificulta o transporte do pouco que conseguem produzir para venda em Porto Velho (RO). Os poços secos impõem restrições adicionais ao uso de água para evitar o colapso total do acesso à água.

Como pontuou o g1, existem 52 comunidades ribeirinhas nos arredores de Porto Velho, todas sem acesso à água tratada e encanada. Para auxiliar no tratamento da água consumida pelos ribeirinhos, a Defesa Civil da capital de Rondônia distribuiu kits de hipoclorito de sódio, que retira impurezas da água. Mesmo assim, a preocupação com o desabastecimento de água é grande na região.

Provavelmente teremos níveis dos rios abaixo [da média] em 2024. A seca continua desde 2023, com as previsões de chuva abaixo do esperado nos próximos três meses na região centro-norte do país, especialmente na Amazônia. A situação tende a piorar e continuar batendo recorde de intensidade e extensão”, alertou Ana Paula Cunha, pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), ao UOL.

 

Estados da Amazônia e do Pantanal batem recorde de emissões de carbono por incêndios

Levantamento do observatório europeu Copernicus indica impacto do fogo nas emissões, com recorde em AM, MS e MT; cidades suspendem celebrações de 7 de setembro.

Os incêndios que consumiram a Amazônia e o Pantanal nos últimos meses já se refletem no balanço de emissões de carbono dos estados do norte e centro-oeste brasileiros, de acordo com análise do observatório europeu Copernicus. Mesmo com quase quatro meses até o final do ano, três estados já bateram seus recordes anuais de emissões por incêndio: Amazonas, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

No Amazonas, as emissões de carbono decorrentes de incêndios já somam 23,2 milhões de toneladas de CO2 (MtCO2) em 2024, ultrapassando o recorde anterior do estado, de 22,7 MtCO2 registradas em 2022. Já as emissões associadas ao fogo no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul superaram o volume médio observado entre janeiro e o começo de setembro nos últimos 21 anos. Os dados foram destacados pela Folha.

A intensificação do fogo em Mato Grosso forçou autoridades locais a suspenderem as celebrações do Dia da Independência em pelo menos três municípios do estado, segundo O Globo. Mas o impacto dos incêndios vai muito além da região amazônica: como O Globo também abordou, o céu ficou encoberto no Sul e no Sudeste durante o final de semana, com uma densa pluma que intensificou o clima quente e seco dos últimos dias.

No Sul, a chegada das nuvens de fumaça causaram o fenômeno da “chuva preta” na região de Porto Alegre (RS), com fuligem misturada às gotas. Esse tipo de chuva contaminada por poluentes pode afetar corpos d'água, solos e vegetação. O Estadão deu mais detalhes.

A crise do fogo é nacional. Em todo o país, foram registrados até a semana passada mais de 152,3 mil focos de calor desde janeiro, número 103% superior ao registrado no mesmo período no ano passado. Somente na última 6ª feira (6/9), 4.396 focos foram identificados pelo INPE. A Folha trouxe os números mais atualizados e fez uma reconstituição do mapa do fogo no Brasil ao longo das últimas 13 semanas.

Em tempo 1: O calor e o tempo seco facilitaram o surgimento de novos incêndios no estado de São Paulo. Segundo O Globo, o satélite Aqua, da agência espacial dos EUA (NASA), registrou o segundo pior valor diário dos últimos 30 dias na 5ª feira (5/9), com 322 focos de fogo no estado. As áreas mais críticas são os arredores de Franca, Marília e Itapura. Um levantamento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA) relatado por Globo Rural indicou que mais de 231,3 mil hectares de cana-de-açúcar foram atingidos pelo fogo no território paulista.

Em tempo 2: A Bolívia também sofre com o fogo. O governo decretou situação de emergência nacional por conta dos incêndios que já consumiram quase 4 milhões de hectares de pastagens e florestas no país andino. No leste boliviano, as autoridades também declararam alerta sanitário devido à má qualidade do ar. O governo brasileiro enviou mais de 60 bombeiros da Força Nacional de Segurança Pública e do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal para apoiar o combate ao fogo no país vizinho. A notícia é do Estadão.

 

Verão de 2024 no Hemisfério Norte é o mais quente da história

Temporada deve colocar 2024 como o ano mais quente já registrado, indica observatório Copernicus; temperatura média de agosto ficou 1,51oC superior aos níveis pré-industriais.

O verão de 2024 está na história como o mais quente já registrado no Hemisfério Norte, destacou o observatório europeu Copernicus. Os números de agosto consolidaram esse quadro: junto com agosto de 2023, o último mês foi o mais quente do mundo, com temperatura média de 16,82oC, cerca de 0,71oC acima da média para o mesmo mês de 1991-2020 e 1,51oC superior aos níveis pré-industriais. É o 13º mês em um período de 14 meses em que a temperatura média global excedeu esse patamar. 

Assim, o verão meteorológico no Hemisfério Norte (junho, julho e agosto) ficou com uma média de 16,8ºC, índice 0,03ºC mais quente do que o último recorde, registrado no ano passado. Apenas julho não bateu recorde histórico, ficando ligeiramente abaixo do maior índice para o mês, registrado no ano passado.

Segundo o Copernicus, a temperatura média global dos últimos 12 meses (setembro de 2023 a agosto de 2024) é a mais alta já registrada para qualquer período de 12 meses, 0,76ºC acima da média de 1991-2020 e 1,64ºC superior à média pré-industrial. Já a anomalia da temperatura média global do ano até agora (janeiro a agosto) é de 0,7ºC acima da média de 1991-2020, a mais alta já registrada nesse período, e 0,23ºC mais quente do que o mesmo período em 2023. A anomalia média para o restante de 2024 precisa cair em pelo menos 0,3ºC para que o ano não feche como o mais quente da história.

Durante os últimos três meses, o planeta experimentou o junho e o agosto mais quentes de sua história, o dia mais quente já registrado e o verão boreal mais quente. Essa sequência de temperaturas recordes está aumentando a probabilidade de 2024 ser o ano mais quente já registrado”, destacou Samantha Burgess, diretora-adjunta do serviço de mudança climática do Copernicus.

Os dados do Copernicus para o verão de 2024 no Hemisfério Norte tiveram grande repercussão na imprensa, com matérias no Estadão e na Folha, além de destaque em veículos como Associated PressBBCCNNDeutsche WelleEuronewsGuardianNY TimesReuters Washington Post.

 

Chuvas intensas atingem Paquistão dois anos depois de enchentes históricas

Tempestades excepcionalmente fortes voltam a castigar o país; paralisia política, crise econômica e ausência de ajuda internacional expõem população aos riscos de eventos climáticos extremos.

Para muitos paquistaneses, as últimas semanas trouxeram de volta a angústia vivida em 2022, quando o país da Ásia Central sofreu com as piores inundações de sua história. As fortes chuvas que atingiram o Paquistão nos últimos dias mostraram que, passados dois anos, a maior parte da população ainda está bastante exposta aos riscos do clima extremo.

No final de agosto, um deslizamento de terra provocado por fortes chuvas no distrito de Upper Dir, na província de Khyber Pakhtunkhwa, no noroeste do país, atingiu uma casa e causou a morte de 12 pessoas, a maioria crianças.

Associated Press destacou a constatação de especialistas de que a crise de 2022, a despeito de sua dimensão e destruição, não desencadeou mudanças significativas no planejamento, prevenção e resposta das autoridades paquistanesas aos efeitos de chuvas intensas. Sem apoio governamental, as comunidades seguem vivendo em áreas de risco, propícias a novas inundações.

Em parte, a falta de reação decorre da escassez de recursos em uma economia ainda cambaleante. Enquanto muitas obras de reconstrução e adaptação precisam ser feitas, o Paquistão segue aguardando a maior parte dos US$ 9 bilhões prometidos pela comunidade internacional durante uma conferência no ano passado, na Suíça.

Como o NY Times lembrou, a instabilidade política no Paquistão também tem peso na falta de planejamento preventivo para novos desastres. O país ainda vive sob um governo com baixa popularidade e sob embate direto com a oposição liderada pelo ex-primeiro-ministro Imran Khan, preso sob a acusação de corrupção no ano passado.

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