No dia 18 de fevereiro, às 19h, a Zipper Galeria inaugura a exposição “Primeira Leitura”, de Marcelo Amorim. Na mostra, com curadoria de Paulo Gallina, são exibidos trabalhos em papel em grandes dimensões, nos quais o artista reproduz, com tinta acrílica e aquarela, ensinamentos extraídos de cartilhas escolares dos anos 1920. Em cartaz até o dia 15 de março.
As imagens presentes nas obras que fazem parte dessa exposição foram encontradas por Marcelo Amorim em suas constantes visitas a sebos de livros antigos, bazares e lojas de segunda mão. “Quando encontrei estes livros fiquei maravilhado com a qualidade das ilustrações e ao mesmo tempo um pouco chocado com o conteúdo que disseminavam”, conta o artista. “Alguns costumes que se reiteram até hoje podem ser mais facilmente detectados ali. Parece que vemos ali uma história pregressa, origem de mal entendidos e preconceitos”, diz ainda.
Esses trabalhos dão segmento a um tema já pesquisado por Marcelo Amorim há alguns anos: o aprendizado baseado em imagens aparentemente inofensivas, mas que são na realidade tendenciosas. “Há alguns anos pesquiso livros didáticos, procurando problematizar uma pedagogia das imagens”, explica. “Nesta série apenas procuro refletir sobre o fato de usarmos livros didáticos culturalmente tendenciosos desde a primeira infância e em tantas situações. Temos fotos tendenciosas nas paredes e ensinamos uma História tendenciosa ilustrada com mapas tendenciosos. Determinadas imagens reforçam o poder, intimidam, ou simplesmente promovem a manutenção de opiniões que favorecem os que detêm o poder”, finaliza.
“Essas construções de Marcelo Amorim explicitam um procedimento moralizante transmitido para as gerações mais jovens através não dos preconceitos – habitantes da margem de nossa cultura – mas sim da mais explícita implicação cultural no ocidente, o livro. O artista tenciona as leituras indicadas pelos autores, de quem se apropria de desenhos e as frases que os acompanham, para assim explicitar paradigmas repressores disfarçados como aceitação do outro”, analisa ainda o curador Paulo Gallina.
Detalhe da obra "Margem Final" (2013)
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Coletivo Garala reúne séries fotográficas que investigam fronteiras em linguagens multimídia
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O espaço Zip’Up da Zipper Galeria, sala dedicada a projetos experimentais, apresenta, a partir em 18 de fevereiro, às 19h, exposição do coletivo Garapa. Com coordenação do curador Mario Gioia e curadoria do coletivo de pesquisa Ágata, a mostra “Ficção Geográfica”é um momento de reflexão. Na abertura, ocorre lançamento de catálogo anual do projeto Zip’Up, com textos e imagens de projetos experimentais que ocuparam o espaço no decorrer de 2013.
Ao voltar-se para os trabalhos desenvolvidos no ano de 2013, sendo eles "À Margem", "Calma", "Dissonante, Vago" e o inédito "Doble Chapa", o coletivo Garapa identificou um fio condutor que dá contorno a sua produção: a investigação da imagem que se encontra na fronteira entre o documento e a ficção, e ganha ressonância por se munir de múltiplas linguagens, como o cinema e a literatura.
Ao partir desse eixo temático, a exposição reúne obras que partiram de fatos históricos, como a Coluna Prestes, que foram resinificados ao colidirem com novos elementos e sensações, como na construção de um roteiro cinematográfico. Por fim, resta ao observador se questionar sobre a veracidade das narrativas multimídia propostas pela Garapa e a imparcialidade que as imagens parecem ter.
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