Feridas coloniaisQuem arcará com a dívida impagável dos brancos quando parece não haver entre eles fiadores disponíveis para assumir as contas? Eis o questionamento levantado pela socióloga Munah Malek ao resenhar para a revista dos livros Louças de família, da gaúcha Eliane Marques, que chega nesta semana às livrarias. Ao abordar as nuances da subalternidade e do cansaço da servidão, o romance analisa, com enfoque no corpo negro feminino, os efeitos psíquicos do sistema colonial escravista que perduram até hoje. Completam a seleção da semana as memórias do russo Viktor Eroféiev, filho de um intérprete de Stálin; a correspondência entre Mário de Andrade e Rodrigo M. F. de Andrade; um romance da escritora japonesa Mieko Kawakami sobre questões femininas contemporâneas; uma antologia de poemas da alemã Hannah Arendt e o novo romance do mexicano Juan Pablo Villalobos, além de outras novidades quentinhas. Viva o livro brasileiro! Edição de Marília KodicVeja os lançamentos de semanas anteriores. |
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Louças de família. Eliane Marques. |
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O bom Stálin. Víktor Eroféiev. Trad. Moissei Mountian • Kalinka • 384 pp • R$ 93O escritor russo narra, em forma de romance, suas memórias como filho de um diplomata do alto escalão, que chegou a ser intérprete de Stálin, em meio à elite da burocracia soviética. Dividido entre Paris e Moscou, ele descreve encontros com Picasso, Simone Signoret e Yves Montand e a dicotomia entre a admiração pelo pai e o asco pelo regime nazista. Em entrevista à Quatro Cinco Um, o autor diz: “O bom Stálin chama atenção por questões íntimas ligadas à minha família e a conflitos familiares. Minha mãe se sentiu muito ofendida, achou que o livro abria demais as 'janelas e as portas da nossa casa', meu pai também se ofendeu. Por outro lado, quando começou a ser publicado em vários países, eles perceberam que se tratava de um romance que ajudava a compreender o que estava acontecendo na Rússia. E ainda ajuda. Para entender o país é bom começar com O bom Stálin. Então, pode-se dizer que é um livro sem data de validade, talvez seja lido nos próximos trinta anos”. Leia na íntegra. |
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Correspondência anotada. Rodrigo M. F. de Andrade e Mário de Andrade.Todavia • 528 pp • R$ 104,90/69,90Passado o prazo de sigilo de cinquenta anos com que Mário de Andrade havia preservado parte de seu arquivo, cerca de trezentas cartas trocadas entre dois luminares do modernismo são reunidas pela primeira vez neste volume. Mário foi o autor do anteprojeto e o mais ilustre funcionário do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan), onde colaborou com Rodrigo M. F. de Andrade, o primeiro e mais longevo presidente da instituição. A correspondência revela o papel de editor, escritor e articulador de Rodrigo em parceria com Mário ao longo de quase duas décadas. A edição conta com notas de Clara de Andrade Alvim, filha de Rodrigo, além de ensaios fotográficos feitos porErich Hess, Herman Graeser, Marcel Gautherot e Pierre Verger e imagens de arquivo inéditas.. Leia também: Mario de Andrade se transformou definitivamente em performer em seus deslocamentos por Minas Gerais e Rio de Janeiro. Assinantes da Quatro Cinco Um têm 20% de desconto no site da editora Todavia. Conheça o nosso clube de benefícios, que dá descontos em livros, eventos e produtos culturais. |
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Peitos e ovos. Mieko Kawakami. |
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Também eu danço. Hannah Arendt.
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Vapt-vupt + novidades quentinhas - A nova era do império: como o racismo e o colonialismo ainda dominam o mundo. Kehinde Andrews.
Trad. Cecília Rosas • Companhia das Letras • 358 pp • R$ 89,90 O sociólogo britânico reconstrói a história do Ocidente para demonstrar que racismo, xenofobia e afetos correlatos seguem presentes como base de nossa estrutura social. - Ao amigo que não me salvou a vida. Hervé Guibert.
Trad. Julia de Rosa Simões • Todavia • 224 pp • R$ 74,90 Colega de Fouacult e Barthes, o jornalista e fotógrafo faz uma autoficção sobre a experiência de ser diagnosticado com aids. - Como ser um educador antirracista: para famílias e professores. Bárbara Carine Soares Pinheiro.
Planeta • 160 pp • R$ 49,90 A educadora reflete sobre como a educação e a escola podem ser pensadas a partir de perspectivas não ocidentalizadas e, sobretudo, racializadas. - Homens ao sol. Ghassan Kanafani.
Trad. Safa Jubran • Tabla • 104 pp • R$ 59,90 A primeira novela do autor, publicada originalmente em árabe em 1963, conta a história de três palestinos afetados pela Nakba de 1948. - Imperialismo e questão europeia. Domenico Losurdo.
Trad. Sandor José Ney Rezende • Boitempo • 370 pp • R$ 64 O legado da tradição colonial e do nazifascismo, a democracia moderna e a identidade política da União Europeia são abordados pelo filósofo marxista. - Morte em suas mãos. Otessa Moshfegh.
Trad. Bruno Cobalchini Mattos • Todavia • 215 pp • R$ 74,90/49,90 Em seu novo romance, a autora de Meu ano de descanso e relaxamento (2019) desafia os clichês do romance policial.
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