Fronteiras incertas: arte e fotografia no acervo do MAC USP
Exposição com 120 fotografias inaugura o 4º andar da Nova Sede do Museu no Ibirapuera.
Em 1974 o Museu de Arte Contemporânea da USP realizou a exposição Fotografia Experimental Polonesa, que resultou na incorporação de 38 obras ao acervo. Este é o núcleo central da exposição Fronteiras incertas: arte e fotografia no acervo do MAC USP, que o Museu inaugura no dia 28 de setembro, a partir das 11 horas. Esse conjunto fornece o testemunho de um período de intenso debate, não só sobre o rompimento das fronteiras entre os territórios da arte e da fotografia, como também acerca da incipiente presença da imagem fotográfica em museus e galerias naqueles anos. Para Helouise Costa, docente do MAC USP e curadora da exposição, “essas obras indicam ainda que as décadas de 1960 e 1970 foram marcadas pela experimentação e pela internacionalização de certos procedimentos que levaram ao estabelecimento do que se convencionou chamar de campo expandido, no qual a fotografia avançou para além dos limites da bidimensionalidade de seu suporte tradicional, fundiu-se a outros dispositivos imagéticos e tornou-se elemento recorrente na arte contemporânea”.
A exposição reúne ainda outras obras incorporadas nos anos de 1970 e aquisições mais recentes, datadas dos últimos quatro anos. Em menor número estão incluídas fotografias da coleção do Banco Santos, sob a guarda provisória do Museu. O recorte temporal vai de 1962 a 2010, período que abarca o declínio da fotografia moderna, o momento pioneiro de assimilação de fotos pelos acervos dos museus de arte no Brasil e chega aos dias de hoje “em que as tecnologias digitais libertaram as imagens de seus suportes materiais, dotando-as de fluidez e maleabilidade inéditas”, diz Helouise.
A exposição apresenta trabalhos de artistas como Waldemar Cordeiro, Hudinilson Jr., Antoni Mikolajczyk, Claudia Andujar, Maureen Bisilliat, Cris Bierrenbach, Heiner Kielholz, Odires Mlászho, Misha Gordin, Mario Cravo Neto, Luiz Braga e David Hockney, entre outros. Para Helouise, “a exposição vem mostrar que as obras incorporadas por um museu conferem um novo significado ao acervo já existente, ao passo que esse mesmo acervo em seu conjunto permite que as obras recém-chegadas ganhem perspectiva histórica. Destas contaminações recíprocas emergem possibilidades renovadas de entendimento dos fenômenos artísticos e da contribuição dos museus na contemporaneidade”.
Exposição Fronteiras incertas: arte e fotografia no acervo do MAC USP
Curadoria: Helouise Costa
Abertura 28 de setembro, a partir das 11 horas
Funcionamento Terça das 10 às 21, quarta a domingo das 10 às 18 horas
Local MAC USP Nova Sede – Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301
Telefone 11 2648.0254
León Ferrari – Lembranças de meu pai
MAC USP mostra 57 trabalhos do argentino que faleceu recentemente. Um reconhecimento em homenagem ao artista que nunca se deixou submeter por nada ou ninguém que se opusesse ao inconformismo que sempre caracterizou sua obra
León Ferrari (1920-2013) nasceu em Buenos Aires, Argentina e viveu no Brasil entre 1976 e 1984. A exposição León Ferrari – Lembranças de Meu Pai, com curadoria de Carmen Aranha e Evandro Nicolau, apresenta 57 obras do artista produzidas na época em que residiu em São Paulo. Os trabalhos de Ferrari - desenhos, esculturas e pinturas - exploram temáticas diversas, materiais e materialidades numa configuração própria da linguagem artística visual. Espírito combativo e resistente, o artista investiu contra as diversas formas de repressão à liberdade, posicionando seu trabalho - de forma crítica e irônica - frente à alienação da sociedade contemporânea.
Com o tempo, suas obras foram ganhando contornos críticos intensos, sobretudo buscando profanar, desconstruir e desordenar preceitos políticos e religiosos. Elementos erótico-poéticos presentes nas séries de trabalhos denunciavam a realidade nas suas faces mais dramáticas. Com o golpe militar na Argentina, em 1976, e as crescentes ameaças à sua família, León Ferrari veio para o Brasil passando a experimentar novos meios de fazer arte, desde desenhar com materiais convencionais, como nanquim, grafite, crayon, canetas esferográficas, tinteiro e carimbo até utilizar modos de impressão em heliografia, serigrafia, fotocópia, microficha, videotexto e offset.
Nessa busca de novas linguagens, Ferrari retomou questões realizadas nos anos de 1960. Lembranças de Meu Pai, de 1977, obra que dá título à exposição, é uma escultura em arame em que quatro vértices de um paralelepípedo situado verticalmente segregam fios lineares de aço inox, soldados em prata. Essas linhas acumulam-se em verticais e diagonais, obedecendo a uma construção geometrizada. Uma luz projetada de sua base percorre a escultura nos seus interstícios situando, talvez, os vestígios dos cálculos que o artista fez para as igrejas que seu pai, arquiteto, idealizou.
Exposição León Ferrari – Lembranças de Meu Pai
Curadoria: Carmen Aranha e Evandro Nicolau
Abertura 28 de setembro, a partir das 11 horas
Funcionamento Terça das 10 às 21, quarta a domingo das 10 às 18 horas
Local MAC USP Nova Sede – Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301
Telefone 11 2648.0254
SÉRGIO MIRANDA - jornalista
imprensa e divulgação
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Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
11 I 3091.3018 I 3091.1118 I smiranda@usp.br
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