Bamba, Vamba, Wamba
Cia portuguesa revisita o mito do rei Bamba em analogia ao período político brasileiro
BAMBA 01 A |
A Cia portuguesa Este (Estação Teatral) chega a São Paulo, no dia 27 de setembro para 04 apresentações com o espetáculo Bamba, Vamba, Wamba, no Teatro Alfredo de Mesquita.
Na peça três atores e um palco vazio buscam evocar o mito revisitado de Bamba sob a narrativa cultural ibérica. Bamba (643-687/688 DC) foi um rei visigodo que reflete sobre a construção de sua memória a partir da sua região, do seu mundo e da sua cultura como também a partir de suas crenças e do próprio imaginário coletivo.
Esse mito fundacional, revelador da circunstância humana e que relaciona o passado com o presente, leva o espectador a refletir sobre o seu passado e a construção da sua memória.
Para o personagem, o processo de transmissão de informações, de geração em geração, goza de mecanismos sutis que não se dissociam dos novos contextos em que são assimilados e aquilo que eventualmente poderia ser considerado um fato é diminuído, desaparece ou é descontextualizado.
Isso se deve ao fato das memórias serem construídas a partir de crenças, tradições e de um imaginário coletivo. Para Bamba, a memória é feita também de imaginação, mito e fantasia. Esta amálgama de sobreposições, de associações, de escolhas também se chama memória.
O espetáculo foi ensaiado em 2016, sofreu influências a partir dos desdobramentos políticos e sociais do país quando ocorreu o processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. Dentro dessa análise, o espetáculo costura os aspectos da memória sob o ponto de vista social e político em paralelo à atualidade vivida no Brasil.
FICHA TÉCNICA:
Dramaturgia e encenação: Nuno Pino Custódio, em co-criação com Pedro da Silva, Roberto Querido e Tiago Poiares
Apoio dramatúrgico: Pedro Miguel Salvado
Espaço e figurinos: Estação Teatral
Dispositivo cénico: Pedro Novo
Desenho de luz e montagem: Pedro Fino
Diretor de produção: Bruno Mariozz
Produção Local: Augusto Vieira
Produção Executiva: Denise Kafka
Programador Visual: Leonardo Konther
Assistente de produção: Marcus Andrade
Fotos: Miguel Proença
Assessoria de imprensa: Fabio Camara
Realização: Estação Teatral
SERVIÇO:
LOCAL: Teatro Alfredo de Mesquita, Avenida Santos Dumont, 1770 – Santana. 219 lugares.
DATA: 27/09 até 30/09 (Quinta, Sexta e Sábado 21h e Domingo 19h)
INFORMAÇÕES: (11) 6221 3657
INGRESSOS: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia)
DURAÇÃO: 70 min
CLASSIFICAÇÃO: 12 anos
EQUIPE:
Nuno Pino Custódio
Desde praticamente o começo de uma atividade iniciada aos vinte anos, desenvolve e sistematiza uma metodologia de interpretação com máscara, assim que colheu os primeiros ensinamentos com Filipe Crawford, na extinta Meia Preta (1990). Fundou, pouco depois, o Teatro Experimental A Barca, onde pôde, com as suas primeiras encenações e aulas, explorar de forma concreta a relação interdependente entre "ver" e "fazer", cuja máscara, o seu sistema de interpretação, se constituía, por si só, como uma extraordinária ferramenta. Foi seguidamente aluno de Ferruccio Soleri (2000) e de Mario Gonzalez (2008 e 2012). O primeiro, trazendo consigo a abordagem estética da Commedia dell'Arte reinventada pelo Piccolo Teatro di Milano; o último, fundador da disciplina Masque no Conservatoire National de Paris, trazendo referências e caminhos presentemente explorados por Pino Custódio. Estes contatos tornaram-se determinantes na consolidação de um percurso que se vinha formando e tinha já um rumo: o confronto direto da experiência do viver quotidiano numa sociedade individualista orientada pelo hiper consumo e a do teatro, cuja essência se faz sentir com o desdobramento no outro, no tempo da percepção do presente, numa espécie de máquina que só funciona se humanizar. Nuno Pino Custódio cria e desenvolve, regularmente, há duas décadas, workshops, colaborando amiúde com escolas profissionais (como foram e/ou são os casos da Escola da Máscara, da Academia Contemporânea do Espetáculo, da Escola do Chapitô, da ESE Coimbra, da ESTAL, da ACT – Escola de Actores ou da ESMAE). Esta colaboração tem sido extensível, também, de uma forma natural, à formação no seio das próprias unidades de criação (Teatro Meridional, Teatro O Bando, Circolando, Teatro Oficina, Teatrão, ACTA, Teatro do Montemuro ou FIAR.
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