Talvez eu sobreviva como a Onça.
Eu tenho trabalhado com a questão da água desde o início da minha carreira. Provavelmente, por causa de duas experiências que tive: uma boa e uma má.
A boa foi que, como surfista, cresci e aprendi a ter respeito pelas forças da natureza. Acreditar em meu instinto tem sido essencial para a minha formação como artista e para minha visão do mundo.
A má experiência diz respeito ao meu atelier na cidade de São Paulo que fica em frente ao Rio Pinheiros, um dos rios mais poluídos do Brasil, no coração da minha cidade.
É enorme, mas, ao mesmo tempo, um rio invisível como tantos outros no planeta que não têm mais vida.
Na margem poluída do Rio Pinheiros nasceu a Onça.
O trabalho surgiu durante a grande crise da água brasileira, em 2014, que impactou o país causando escassez para milhões de pessoas. A situação de poluição extrema deste rio específico também foi usada como um contexto simbólico para transformar a paisagem urbana.
Eu ampliei a escultura inflável da Onça, que é o principal ator da fauna brasileira de animais selvagens para refletir e criticar a extinção da espécie e a crise de migração global, sob o aspecto da relação entre o homem e a natureza.
Esta é uma ameaça permanente à vida e aos recursos naturais.
Agora, a Onça reaparece em Genebra protegida pela energia da exposição
Acqua para lembrar algo essencial: a água está presente em todas as condições. Dentro de nós, em torno de nós, sob e sobre nós.
Como disse o artista Paul Klee: "a arte não reproduz o visível, mas torna visível".
E o Jaguar é capaz de ver no escuro.
Artigo do artista publicado na Folha de São Paulo no dia 22/03/2017
Dia Mundial da Água
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