Uma leitura diária dos muitos assuntos relacionados como mudanças climáticas 1º de fevereiro de 2022
Verão de extremos: rios voadores intensificam chuvas em São Paulo Depois da Bahia e de Minas Gerais, agora é a vez de São Paulo sofrer com grandes volumes de precipitações. As chuvas extremas que caem desde 6ª feira (28/1) deixaram um rastro de destruição e mortes na Região Metropolitana de São Paulo e no interior do estado, e devem prosseguir até pelo menos até esta 3ª feira (2/2), segundo o MetSul. Mais de dez cidades, entre elas Embu das Artes, Franco da Rocha, Francisco Morato e Itapevi, foram fortemente atingidas por deslizamentos de terra, transbordamento de rios e córregos e alagamentos. Segundo o Jornal Hoje, pelo menos 24 pessoas morreram - sendo nove menores de idade. As buscas por desaparecidos continuam. Cerca de 660 famílias estão desalojadas. Os alertas de perigo motivados pelos volumes excessivos de chuva foram emitidos na última 5ª feira (27/1) pelos meteorologistas e pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais). O acumulado em algumas cidades pode ainda chegar a 400 milímetros em 120 horas. O MetSul apontou a multifatorialidade do evento, e disse que a massa de ar frio responsável pelo rompimento da bolha de calor que castigou os gaúchos por 15 dias, encontra-se agora semi-estacionária na Região Sudeste. A partir daí, formou-se um corredor de umidade (Zona de Convergência do Atlântico Sul), identificado como um “rio atmosférico”, que tem origem na Amazônia, passa por São Paulo, onde provoca chuvas torrenciais, e avança por milhares de quilômetros pelo Atlântico até o extremo Oeste do Oceano Índico, no Sul da África. Um dos municípios mais atingidos foi Franco da Rocha, onde um deslizamento soterrou 15 imóveis, matando pelo menos oito pessoas. Outras dez ainda estão desaparecidas. Por lá, choveu em 12 horas o equivalente a 40% do esperado para o mês inteiro. Segundo a Folha, a cidade ainda está sob risco de novos alagamentos caso as chuvas aumentem e seja necessária a abertura das comportas do reservatório Paiva Castro. Em Várzea Paulista, pai, mãe e três filhos morreram em outro deslizamento. A BBC destacou que o governador João Doria sobrevoou as áreas afetadas e liberou R$ 15 milhões em verbas emergenciais para os municípios. Já a colunista Julia Duailibi, d’O Globo, reportou que, nas bandas do Planalto, ministros ainda tentam convencer o presidente Bolsonaro a sobrevoar a região hoje. O presidente foi duramente criticado por preferir ficar comendo camarão, durante as férias em Santa Catarina, em vez de prestar assistência e sobrevoar as áreas atingidas pelas enchentes na Bahia, que vitimaram dezenas de pessoas há algumas semanas. O Antagonista também focou no embate entre Doria e Bolsonaro. A cobertura sobre as chuvas foi feita também por Agência Brasil, CNN Brasil, Estadão, g1 e Reuters. Em tempo: Vale conferir a entrevista da urbanista Raquel Rolnik, professora da USP, à Folha. Ela discorre sobre como São Paulo é planejada por poucos e para poucos, produzindo padrões de desigualdade. A população alojada de forma precária nas beiras de córregos e nas encostas dos morros são as mais afetadas em eventos extremos como o das chuvas torrenciais que afetam a região.
Credibilidade do Brasil cada vez mais em baixa entre europeus Levantamento realizado a pedido de partidos ecologistas da União Europeia (UE) revela que metade (49%) dos empresários europeus acredita que a melhor maneira de garantir que o Brasil cumpra suas obrigações ambientais no acordo entre a UE e o Mercosul seria por meio de medidas legalmente vinculantes, incluindo sanções comerciais. Publicada ontem (31/1), a pesquisa ouviu 2,4 mil empresários na Alemanha, Bélgica, Holanda, Espanha, Itália e França. Contrariando o Itamaraty, que insiste na tese do protecionismo europeu, 40% dos empresários ouvidos dizem que o tratado não vai ter impacto em seus negócios. A notícia é de Jamil Chade, no UOL. O ceticismo europeu caminha para se transformar em ações concretas: a Comissão de Meio-Ambiente do Parlamento Europeu estuda criar uma lista de produtos que serão submetidos a “desmatamento zero” para entrar na Europa. Ela inclui soja, carne bovina e café - três commodities das quais o Brasil é o maior fornecedor para a UE. Em entrevista a Assis Moreira, no Valor, Christophe Hansen, relator desta proposta, disse que a tendência é ampliar a lista, citando dois possíveis outros candidatos, o milho e a borracha. Além do comércio - e do tratado de livre comércio entre Mercosul e UE - a política antiambiental do atual governo também prejudica a entrada do Brasil na OCDE. Como explicou o coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace Brasil, André Freitas, à Folha, não há motivos para acreditar que o presidente vá dar início à "remontagem do que ele próprio destruiu". Do outro lado do Atlântico Norte, o Diálogo Brasil-EUA sobre sustentabilidade e mudança do clima lançado no ano passado discutiu quatro frentes nas quais a cooperação poderia atuar: reduzir emissões, financiar a conservação das florestas tropicais, promover a agricultura sustentável e construir parcerias com comunidades indígenas. Daniela Chiaretti traz mais detalhes em matéria do Valor que aprofunda o relatório lançado na sexta passada. Em tempo: Para comprovar que o meio ambiente não vale nada neste governo, a Piauí vasculhou o Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento e descobriu que no ano passado o governo gastou com pensões a parentes de militares 66 vezes o valor investido no combate ao desmatamento. A última posição do ranking de investimentos do governo em 2021, por sua vez, foi ocupada pelos recursos relacionados às mudanças climáticas. Foi tão pouco dinheiro - apenas R$ 134 mil - que um único funcionário do Ministério da Defesa gastou o dobro (R$ 280 mil) em viagens internacionais.
Mercado brasileiro de carbono mistura terra de cegos com cowboys Os vários artigos sobre um eventual mercado de carbono brasileiro repetem frases que podem se tornar "verdades", apesar de serem, no mínimo, discutíveis. O mercado voluntário internacional existe há quase 3 décadas e as principais certificadoras que emitem créditos de carbono têm regras claras, metodologias científicas para medir os efeitos de projetos, sejam de redução ou de emissões evitadas, e de sequestro de CO2 da atmosfera. Há milhares de projetos registrados no mundo gerando milhões de créditos de carbono. Não é, nem de longe, uma atividade nova, um terreno a desbravar. Ao contrário do que escrevem Fernanda Trisotto e Eliane Oliveira, n’O Globo, que, no Brasil, “não há previsão de uma regulamentação que estabeleça padrões e critérios de verificação”, estes padrões e critérios de verificação existem e são internacionalmente aceitos. Rubens Barbosa, diplomata reconhecido, escreveu a respeito no Estadão, também falando do potencial crescente do mercado de carbono. Comete, no entanto, duas imprecisões. Diz que “os certificados florestais serão os maiores atores, pois a manutenção de áreas florestais preservadas será indispensável”, quando este tema é controverso a ponto das negociações climáticas internacionais evitarem tocar no assunto. Barbosa, como muitos por aqui, dão isto como favas contadas. Ele escreve também que as fontes limpas de energia poderão receber créditos de carbono, quando os principais atores no mercado voluntário decidiram anos atrás não aceitar mais este tipo de projeto. Isto porque o preço da energia gerada por fontes eólicas e fotovoltaicas caiu a ponto destas atividades deixaram de serem tidas como adicionais. Já Edison Fernandes, no Valor, escreve que “as diversas e vastas áreas de vegetação, nativas ou não, em Terras Públicas têm o efeito de sequestrar carbono da atmosfera e, com isso, propiciar créditos de carbono para a compensação de atividades emissoras. Portanto, as árvores em pé têm também enorme potencial de gerar recursos públicos.” Não têm. O balanço de carbono de florestas e matas maduras é praticamente nulo. E a área citada em um loteamento no litoral norte de São Paulo é, provavelmente pequena, e o pouco carbono que sequestra não pagaria os custos de transação de um projeto de carbono. Mais conhecedores dos problemas, Pedro Veiga e Sandra Polónia Rios, do Cindes, escreveram no Estadão sobre o potencial impacto da iniciativa europeia de taxar o carbono nos produtos que importa. Dizem que ferro e aço poderão ser taxados, mas o serão menos do que os concorrentes chineses e indianos, cuja matriz energética emite bem mais do que a nossa. O grupo agro - soja, milho, carne - poderá ser penalizado pelas emissões associadas ao desmatamento. “Por outro lado, se o país concentrar sua produção de commodities agropecuárias em áreas livres de desmatamento, pode vir a consolidar-se como beneficiário deste novo cenário regulatório mundial”. Touché.
Documentário sobre luta indígena na Amazônia é premiado no Festival de Sundance O documentário "The territory", que retrata a luta do Povo Uru-eu-wau-wau contra a invasão de seu território em Rondônia, recebeu o prêmio do público e um prêmio especial do júri na categoria de documentário internacional no Festival de Sundance, uma das maiores premiações do cinema independente no mundo. Coprodução entre Brasil, Dinamarca e Estados Unidos, o documentário foi gravado em Rondônia e acompanha a luta do jovem Uru-eu-wau-wau Bitaté e de Neide Suruí, mãe de Txai Suruí, a brasileira que discursou na abertura da COP de Glasgow, contra invasores que têm desmatado a floresta na esperança de ter a grilagem legalizada. Como descreveu a Folha, "The Territory" é um testemunho do avanço sobre Terras Indígenas já homologadas estimulado por declarações e pela omissão de Bolsonaro, que desde a campanha de 2018 posicionou-se como opositor das demarcações de Terras Indígenas. O Estadão conta como os indígenas, com o apoio do WWF, estão aprendendo a usar drones, aparelhos de GPS e equipamentos fotográficos nessa luta - e lembra que a exposição de Sebastião Salgado sobre a Amazônia já tem data para aportar no Brasil: 15 de fevereiro, em São Paulo. O Globo também noticiou o prêmio. Em tempo: Há uma semana informamos que a FUNAI deixou passar o prazo para revalidar a proteção legal de uma terra habitada por indígenas isolados no Amazonas. Ontem (31/1), o mesmo problema - desta vez, em relação a povos que vivem em isolamento na Terra Ituna Itatá, nos municípios de Altamira e Senador José Porfírio (PA) - foi denunciado por entidades indígenas. A TI Ituna-Itatá vive uma explosão da grilagem desde o final de 2016, com o fim das obras de Belo Monte e o incentivo do governo federal. O site Pará Terra Boa conta essa história.
A sustentabilidade dos carros elétricos depende da matriz energética que os abastece O Estado de S. Paulo alerta que, apesar dos veículos elétricos serem considerados fatores para a descarbonização, é preciso levar em conta que a fonte elétrica que move esses carros, se for não renovável como o carvão e o petróleo, reduz o efeito verde da tecnologia. Aliás, aqui no Brasil, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) adiou exigências de nacionalização para liberar crédito à compra veículos elétricos dentro da linha especial que financia equipamentos de baixa emissão de poluentes, o Finame Baixo Carbono, registra a CNN. Com a flexibilização das regras, as montadoras terão até 2029 (e não mais os três anos requeridos no antigo regulamento) para alcançar o índice mínimo de 50% de conteúdo local exigido para se ter acesso à linha. O atraso no desenvolvimento dos produtos pelas restrições da pandemia foi a justificativa para a revisão dos prazos. Enquanto isso, a empresa Tesla diz-se confiante de que as inovações na produção aliadas a “veículos e fábricas dedicadas” são solução viável para o problema do alto custo de produção de veículos elétricos, informa InsideEVs. Porém, a Tesla alertou para restrições na cadeia de suprimentos ao relatar lucro recorde, destaca FT. Na China, o aumento dos custos dos insumos para a produção dos veículos elétricos é sério a ponto de reunir competidores para discutirem maneiras de contê-los. Os veículos elétricos desempenharão um papel crucial no cumprimento da meta da China de reduzir as emissões para zero líquido até 2060, publica Bloomberg. As vendas de veículos elétricos estão crescendo, mas 2022 trará alguns obstáculos no caminho. Outro artigo da Bloomberg analisa o cenário dos veículos elétricos.
Ciclone-bomba causa nevasca histórica no nordeste dos EUA Um ciclone-bomba acompanhado de nevascas atingiu a região nordeste dos Estados Unidos no sábado (29/1). Com ventos de 120 km/h e temperaturas negativas de -17 graus Celsius, a tempestade de inverno provocou quedas de energia, deixando milhares de pessoas sem aquecimento, além do cancelamento de mais de cinco mil voos, segundo o UOL. A nevasca e as baixas temperaturas devem continuar nos próximos dias. O frio é tanto que chega até a Flórida, como aponta o MetSul. Cinco estados, incluindo Nova Iorque, declararam emergência, de acordo com a BBC. Em Massachusetts, a neve acumulada chegou a 75 centímetros de altura. A Scientific American explica aqui o que é e como se forma um ciclone-bomba. O evento extremo foi notícia também no blog Yale Climate Connections e nos principais veículos de imprensa internacionais, como CNN, NPR, New York Times, Reuters. Em tempo: Fortes temporais também atingiram o norte da Europa neste final de semana. Na Holanda, três helicópteros foram usados para resgatar 18 tripulantes de um navio cargueiro que ficou à deriva após colidir com outra embarcação em um parque de turbinas eólicas, na costa do Mar do Norte, durante a passagem da tempestade Corrie. No final de semana, a tempestade Malik, que atingiu a região, matou pelo menos quatro pessoas, destruiu casas, provocou inundações e deixou milhares de residências sem eletricidade, de acordo com a Associated Press. Segundo a Reuters, os serviços de trens foram suspensos quando uma tempestade atingiu a costa norte da Alemanha. O rio Elba subiu 5,2 metros acima dos níveis normais, inundando o famoso mercado de peixe de Hamburgo. No continente africano, os estragos da tempestade tropical Ana ainda estão sendo contabilizados, segundo a BBC. A tempestade atingiu fortemente Malawi, Madagascar e Moçambique, deixando dezenas de mortos, milhares de desabrigados e enormes prejuízos. Reuters, BBC e Washington Post trazem mais detalhes.
Quando a China espirra, os preços globais da energia ficam com febre alta A China é de longe o maior emissor global de gases de efeito estufa, condição devida principalmente à queima de combustíveis fósseis. Só o consumo de carvão não-metalúrgico da China é 5 vezes o consumo total dos EUA e quase 6 vezes o da Índia. Eventuais oscilações na demanda chinesa, na comparação feita por um um analista entrevistado pela Bloomberg, são como um adulto em um trampolim cheio de crianças - um pequeno salto e a criançada toda cai. No fundo, essa é a causa do preço do gás natural disparar no 2º semestre do ano passado na Europa. O analista argumenta que, no final do 1º semestre de 2021, uma tempestade quase perfeita levou o país a ter que comprar muito gás no mercado internacional. Essa “tempestade” foi a soma da falência de várias minas de carvão na China em 2020, quando a COVID fez a economia e a demanda despencarem. Outro fator a ser somado vem do fato da geração elétrica chinesa ter grande participação de hidrelétricas. Em 2020 choveu muito, o que puxou o preço da eletricidade ainda mais para baixo e ajudou a aumentar as falências na indústria do carvão. Outro fator, este para além das falências, foi o inverno rigoroso de 2020-21, que levou à queima ainda maior dos estoques de carvão existentes. Para agravar a situação, a produção de uma das maiores minas do país sofreu uma queda importante. Por conta de todos estes fatores, quando a economia voltou a crescer em 2021, a produção de carvão havia caído 30%. Para completar a perfeição da tempestade, em setembro um tufão atingiu Hong Kong e a mega-área industrial de Guangdong, quando os estoques de carvão baixaram para o consumo de menos de uma semana. Esta região, no sul do país, fica muito longe da Mongólia, onde ficam as minas de carvão e, além de não haver sobras, o transporte seria muito caro. Os chineses até buscaram carvão no mercado internacional, mas não havia quantidade suficiente por conta da recuperação das economias da Índia e do Sudeste Asiático. Foi aí que começaram a comprar cargas e cargas de gás natural liquefeito, exatamente na época em que os europeus começam a estocar gás para o inverno. O resultado foi o preço do gás ir para o espaço. O entrevistado ainda lembra que a construção civil é o motor das emissões chinesas, dado o alto consumo de aço e cimento, exatamente os produtos industriais que mais demandam energia e carvão metalúrgico para sua produção. Para o cumprimento de suas metas climáticas, o país talvez tenha que construir menos. Este ano, segundo a Reuters, a China pretende acrescentar mais 2.600 GW de capacidade de geração: 1.140 GW de térmicas a carvão e 180 GW de não-fósseis. A diferença são as alimentadas com gás natural.
Eventos extremos intensificaram quedas de energia em 2021 Novos desafios - especialmente eventos climáticos extremos - estão aumentando o risco de apagões em todo o mundo, afirma um novo relatório divulgado ontem. Segundo análise da consultoria IHS Markit, 350 milhões de pessoas foram afetadas por cortes de energia em todo o mundo em 2021, com mais setores expostos agora. O documento mostra que as interrupções foram observadas em regiões que mitigaram há muitas décadas instabilidades no fornecimento de energia, como partes da China e o estado do Texas, nos EUA. Entre as razões, estão o aumento de frequência e intensidade de eventos extremos que elevam o estresse sobre infraestruturas elétricas. Um dos destaques neste caso é o Brasil, que assistiu a mudanças nos regimes de chuvas decorrentes da crise do clima, o que praticamente destruiu o planejamento hidrelétrico do país no ano passado. O estudo lembra que, ao enfrentar sua pior seca em quase um século, o Brasil também ficou mais exposto ao aumento dos preços globais do gás, fazendo disparar as contas de luz. Outra razão para os apagões registrados em várias geografias seriam políticas de transição energética em descompasso com a oferta, a demanda e a cadeia de fornecimento. A Bloomberg deu detalhes. Em tempo: Em uma nova matéria da série Carbon Counter, o FT discute como as mudanças no mercado de trabalho advindas da pandemia podem até piorar o volume de emissões. Este é o caso do regime híbrido, quando o funcionário alterna o home-office e trabalho presencial. “Um escritório meio vazio precisa do mesmo aquecimento e ar-condicionado que um escritório cheio. Desistir do trajeto dois dias por semana pode não ser suficiente para cancelar o aquecimento e a iluminação extras necessários em casa”, explica um trecho do artigo.
Los Angeles corre para se adaptar a um clima cada vez mais seco Uma cidade que cresceu desordenadamente, sempre buscando água em algum lugar cada vez mais longe. A história de Los Angeles, semelhante a de muitas megacidades dos países em desenvolvimento, chega a um momento crucial. Se o otimismo do prefeito Eric Garcetti estiver ajustado, a cidade pode se tornar o centro de uma experiência inédita de mitigação e resiliência frente à escassez hídrica urbana. “Tenho uma estranha confiança de que vamos ter muita água", disse o mandatário à Bloomberg. Seu plano é investir pesadamente em plantas de tratamento, fazendo com que a taxa de reciclagem de água passe de 2% para 35%. Para isto, o maior reservatório subterrâneo do mundo para tratamento de efluentes está em construção na cidade. "Vai sair caro, mas vai parecer uma barganha em comparação com estar sem água", afirmou Felicia Marcus, ex-chefe dos serviços de água do município e pesquisadora da Universidade de Stanford. Muitos ainda estão pessimistas frente aos investimentos prometidos, como o pesquisador Peter Gleick, quem lembra que após uma das piores secas da história em 2021, os habitantes de Los Angeles aumentaram seu consumo de água. Em tempo: O contexto global não é mais animador. A Jordânia anunciou planos para importar água de Israel, reporta a Bloomberg, enquanto na Costa do Marfim o agravamento das estiagens deve impactar as safras de cacau, relata a Reuters. Até as Olimpíadas de Inverno sofrem o impacto de um clima mais seco na China, que realizará a primeira edição dos jogos com neve 100% artificial - a AP descreve os riscos para os atletas.
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