Criação solo de Vanessa Macedo,
Um corpo só, estreia no Kasulo
Ao mesmo tempo em que guarda como significado a solidão de se estar e seguir sozinho no espaço, “Um corpo só” encerra em si o sentido do corpo como receptáculo que contém todas as imposições sociais que soterram nossa natureza essencial.
A bailarina e coreógrafa Vanessa Macedo estreia, na quinta-feira, dia 19 de novembro, às 19h, o solo “Um corpo só”, no Kasulo - Espaço de Cultura e Arte. As apresentações seguem em temporada de três semanas, até 6/12, todas as sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 19h. A entrada é grátis.
Na retomada de experiências significativas inscritas no corpo, o solo “Um corpo só” funde passado e presente, num elo de negação, afeto e dor. De um novo jeito, Vanessa Macedo experimenta a relação com os rigores da ginástica rítmica, a paixão pelo teatro, as aulas de piano, parte da infância vivida na França, isso tudo amalgamado à dança que lhe interessa hoje e habita suas criações: a fricção entre forma e sentido, a sedução por artistas e obras confessionais, a discussão do feminino.
Mas ”Um corpo só” não surgiu de repente. Os dois trabalhos anteriores da Fragmento de Dança, companhia que Vanessa Macedo dirige há 13 anos, foram investigações dramatúrgicas com fortes componentes pessoais por meio de solos: em “Sem Título” (2013), três artistas de diferentes formações interpretavam, cada um a sua maneira, a mesma coreografia; e o mais recente, “Aos vencedores, as batatas” (2014), se construiu com cinco solos, disparados pela experiência pessoal dos intérpretes-criadores, sobre o sentido da palavra ruptura.
Em nenhum deles Vanessa estava no palco, mas já alimentava o desejo de escarafunchar suas memórias e assumir o incômodo de lidar com a própria imagem. Para esta sua “ficção autobiográfica” ou “dança depoimento”, como tenta definir, Vanessa foi buscar interlocução no teatro: durante todo o primeiro semestre, participou do núcleo de compartilhamento de projetos do Grupo XIX de Teatro, com orientação da atriz Janaina Leite. “Na dança, a autobiografia não é um gênero como é no teatro, onde há interesse por conteúdos pessoais-confessionais um do outro e que acabam se misturando aos seus próprios”, comenta sobre o processo de investigação.
Do espaço de memórias, surge a descoberta de traços herdados e transmitidos, de interiorizações das estruturas sociais que aprisionam, e, partir daí, a constatação de que não é possível ser a si mesmo, antes ou agora. Personagem de si própria, em meio a citações de Maria do Carmo Brandão, Virgínia Woolf, Cecília Meireles e Adriana Jorgge, é, a um só tempo, criança, filha, mãe em sonhos que atravessam e são atravessados por vida real e ficção. “Desse impedimento de reconhecer nossa natureza para além de um repertório imposto e restritivo, emerge o desejo de ser o outro, que talvez não seja se não aquela mesma essência esquecida”, supõe Vanessa, como que num lamento.
Como colaborações artísticas, além de Janaina Leite e o núcleo de projetos do grupo XIX de Teatro, Vanessa Macedo contou com a parceria já consolidada da bailarina e coreógrafa Angela Nolf e com Maitê Molnar, integrante da Fragmento de Dança. A trilha sonora e a guitarra de Carlos André e, ainda, o piano de Vanessa Macedo receberam assessoria musical de Murilo Emerenciano. André Prado assinou o projeto de luz e Daíse Neves o figurino.
“Um corpo só” encerra projeto contemplado pela 16ª edição do Programa de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo.
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Sinopse
Um corpo só é uma ficção autobiográfica, ou uma dança depoimento, ou um espaço de memórias. Na retomada de experiências significativas inscritas no corpo, passado e presente se fundem, num elo de negação, afeto e dor. A “personagem” experimenta, de um novo jeito, a relação com os rigores da ginástica rítmica, a paixão pelo teatro, as aulas de piano. Isso tudo se mistura à dança que lhe interessa hoje, fricção entre forma e sentido, sedução por artistas e obras confessionais, discussão do feminino. No trajeto, descobre e confirma traços herdados e transmitidos que aprisionam. Sente que não é possível ser a si mesmo, antes, ou agora. É criança, filha, mãe. Desejo de ser o outro. Sonhos que atravessam e são atravessados de vida e ficção.
Um pouco de Vanessa Macedo
Vanessa Macedo é coreógrafa e diretora da Cia Fragmento de Dança, criada no ano de 2002, na cidade de São Paulo. Interessa-se por temas relacionados a conteúdos autobiográficos, e já desenvolveu diversas pesquisas sobre questões do universo feminino. Iniciou seus estudos em dança com o professor Edson Claro, em Natal-RN, depois de uma atividade de 10 anos como atleta e técnica de ginástica rítmica. É bacharel em direito (UFRN), mestra em Artes (Unicamp) e doutoranda em artes cênicas (ECA-USP).
Ficha técnica
Criação e dança: Vanessa Macedo
Colaboração artística: Angela Nolf, Maitê Molnar, Janaina Leite e Núcleo de projetos/grupo XIX de teatro
Trilha: Carlos André e Vanessa Macedo / Música: La reine prochaine / Guitarra:Carlos André / Piano:Vanessa Macedo
Colaboração musical: Murilo Emerenciano
Luz: André Prado
Figurino: Daíse Neves
Professores: José Ricardo Tomaselli (clássico) e Rodrigo Vieira (Improvisação)
Produção: Iolanda Sinatra/ Assistência de Produção: Maria Basulto
Citações: Maria do Carmo Brandão, Virginia Woolf, Cecilia Meireles, Adriana Jorgge.
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Serviço: Cia Fragmento de Dança, dirigida por Vanessa Macedo, com “Um corpo Só”.
Estreia 19/11, às 19h.
Temporada de 20/11 a 06/12, sextas e sábados, às 21h; domingos, às 19h.
Kasulo Espaço de Cultura e Arte (Rua Sousa Lima, 300 – Barra Funda – São Paulo - tel: 11 3666-7238/ 11 98637-4023).
45min., 12 anos.
35 lugares. Grátis – os ingressos devem ser retirados uma hora antes do espetáculo. Ingressos antecipados (15 por apresentação) através do e-mail producaociafragmento@gmail.com
Informações adicionais:
Elaine Calux - assessoria de imprensa
11 33689940 | 964655686
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