Uma leitura diária dos muitos assuntos relacionados como mudanças climáticas 24 de fevereiro de 2022
Governo federal corta recursos para monitoramento do risco de deslizamentos Em 2016, o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) instalou nove sistemas de acompanhamento em tempo real de deslizamentos de terra. Uma dessas ETR (Estações Totais Robotizadas) deveria funcionar na cidade de Petrópolis, mas todas estão paradas desde 2018 por falta de verba do governo federal para a manutenção, informou oUOL. O repasse deveria ter sido feito pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações ao qual o Cemaden é vinculado. As outras cidades que deveriam contar com este tipo de monitoramento são Friburgo, Teresópolis e Angra dos Reis (RJ), Mauá e Santos (SP), Blumenau (SC), Recife (PE) e Salvador (BA). Segundo a reportagem, o ministério não deu qualquer resposta sobre o motivo do corte de recursos para o funcionamento desses equipamentos que poderiam salvar vidas. A situação é ilustrativa do sentimento que tem tomado conta da cobertura jornalística após uma semana das chuvas extremas em Petrópolis - “Não foi um desastre natural!”, escreve oJornal da Unicamp , em um texto no qual cientistas da instituição pontuam tudo o que poderia ter sido feito para evitar tantos mortos. Invariavelmente o tema da habitação se impõe. Segundo o MapBiomas, as ocupações irregulares em Petrópolis cresceram 108% desde 1985, informa o g1. A Agência Brasil informa que ao menos 9,5 milhões de brasileiros moram em áreas de risco. Além de projeto de habitação, falta plano de enfrentamento à crise do clima, destaca artigo doCapital Reset. Sem projetos de habitação ou de adaptação aos impactos do clima extremo, as pessoas muitas vezes retornam às regiões impactadas. É o que mostra uma outra matéria do g1 sobre Vitória da Conquista (BA), onde os moradores das áreas afetadas pelas chuvas intensas de dezembro estão voltando às casas mesmo com lama, destroços e mau cheiro.
"Nunca fomos fiscalizar", reconhece prefeito de cidade campeã em autorizações de garimpo na Amazônia A desfaçatez com que o prefeito da cidade de Itaituba, no Pará - apelidada de “Cidade Pepita” -, se refere à emissão de mais de 500 licenças que concedeu para o garimpo de ouro em áreas de conservação federais no município denota o quanto a mineração na Amazônia está imbricada numa teia de permissividade e ilegalidade, para dizer o mínimo. A cidade, situada na bacia do rio Tapajós, é campeã de autorizações de garimpo de ouro no Brasil, como mostra reportagem d´O Globo. Em um momento no qual o mercúrio deve ter subido à sua cabeça, o prefeito Valmir Climaco, que também é garimpeiro, admitiu que nunca fiscalizou as operações realizadas com a autorização dele por meio da emissão de licenças ilegais. O prefeito está no segundo mandato consecutivo e foi eleito com o apoio da “categoria”. Na semana passada, quando foi deflagrada a operação “Caribe Amazônico”, chefiada pela Polícia Federal e que resultou na destruição de maquinário pesado e caro utilizado no garimpo ilegal, o prefeito voou para Brasília para se reunir com parlamentares e com o ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, para solicitar a suspensão da operação. Climaco disse ao repórter Eduardo Gonçalves que só não ligou direto para o presidente Jair Bolsonaro porque este estava na Rússia. A operação da PF foi realizada depois da comprovação do garimpo ser responsável pelas poluição e turbidez das águas de Alter do Chão, região turística conhecida como o “Caribe Amazônico”. A ação dos policiais foi acompanhada por Sonia Bridi e Paulo Zero e apresentada noFantásticode domingo (20/2). Miriam Leitão, n´O Globo, apontou a conivência do governo federal e o estímulo aos crimes do garimpo. Estas conexões também estão no Congresso Nacional, como revela aRepórter Brasil . A matéria revela investigação da Polícia Federal sobre suspeitas de que a cooperativa de garimpeiros Cooperouri, ligada ao pré-candidato ao governo do Pará, Zequinha Marinho (PSC), estaria legalizando, por meio de fraude, metal ilegal extraído de Terras Indígenas Kayapó para vender ao mercado internacional. A PF identificou os principais compradores e as conexões do lobista no governo federal. Em tempo:O clima de “libera geral” sinalizado pelo atual dirigente do Brasil para o desmatamento ilegal na Amazônia está sendo fielmente incorporado por alguns estados da região. Levantamento do Imazon realizado a pedido d´O Globo mostrou que a destruição florestal está avançando progressivamente em Unidades de Conservação estaduais desde 2018, atingindo uma perda de 1.766 km² entre 2019 e 2021. Mais uma vez o Pará aparece envolvido na destruição. A reportagem aponta que a Área de Proteção Ambiental (APA) estadual mais devastada é a Triunfo do Xingu, que fica nos municípios de Altamira e São Félix do Xingu. “Dos 16,7 mil km² originais, 1.068 km² foram desmatados nos últimos três anos, 40% deles no ano passado”, diz o texto.
BID nega empréstimo à Marfrig por associação com desmatamento ilegal na Amazônia A segunda maior produtora de carne bovina do Brasil, a Marfrig Global Foods, teve o seu pedido de empréstimo “engavetado” pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) porque o banco não concorda com as metas ambientais da empresa, bem como com os termos financeiros do empréstimo, segundo informa a Bloomberg. O artigo destaca a crescente preocupação quanto à empresa fomentar o desmatamento na Amazônia. Grupos ativistas pressionaram o banco a abandonar o empréstimo ainda no ano passado. A alegação era que a linha de crédito do BID violaria as políticas de sustentabilidade do banco. Por mais de uma década, a Marfrig e seus maiores rivais, como a gigante JBS, vêm se comprometendo a livrar suas cadeias de suprimentos de animais nascidos ou criados em terrenos desmatados. Apesar destas empresas dizerem estabelecer os mais altos padrões para seus fornecedores, a investigação daBloombergconcluiu que as empresas usam de greenwashing ao se aproveitar das brechas do sistema. O desmatamento na Amazônia está aumentando, com mais de 70% das terras desmatadas ilegalmente se transformando em pastagens para pastagem de animais. Em tempo 1: O 2º Grupamento de Engenharia do Exército, em Porto Velho (RO), anunciou a contratação de mão de obra para a execução de serviço continuado de manutenção de alimentos e bebidas. O detalhe apontado pela coluna Radar, da Veja, mostra a aquisição de serviços de buffet no valor de R$ 79 mil reais para até 740 pessoas, com cardápio que inclui camarão, carpaccio de filé mignon, rosbife ao molho mustard e brandade de bacalhau. Em tempo 2:A Comissão Europeia apresentará proposta para responsabilizar as empresas por danos ambientais e violações de Direitos Humanos em suas cadeias de fornecedores globais, informam ValoreReuters . O Brasil está incluído, já que a ideia é ampliar o cerco sobre as atividades em países terceiros. Em tempo 3:Artigo do jornalista Claudio Angelo publicado noBlog da Companhiachama atenção para os desafios do próximo presidente, quem terá que fazer uma escolha muito difícil sobre a Amazônia. Pode deixar tudo como está, com a economia de metade do território entregue ao crime organizado, grilagem e desmatamento. Ou pode intervir, o que pode ocasionar “uma guerra”.Cidades e produtores do Sul recorrem a caminhões-pipa e poços artesianos para garantir águaA seca histórica que atinge o sul do país está causando prejuízos no campo e alterando a vida nas cidades. No Rio Grande do Sul, 413 municípios já decretaram emergência devido à pior seca dos últimos 70 anos.
O Globoinforma que caminhões-pipa e poços artesianos têm sido a solução para o abastecimento de água para a população em vários municípios. Em Garibaldi, na serra gaúcha, um novo poço artesiano está abastecendo 600 mil moradores. Em Santa Catarina, o manancial que abastecia o município de Chapecó secou na semana passada. A companhia de água e saneamento do estado passou, então, a captar água da bacia do rio Uruguai, na divisa com o Rio Grande do Sul. No campo, os agricultores contabilizam muitos prejuízos. A Confederação Nacional de Agricultura sinalizou “perdas irreversíveis para os produtores rurais”, com prejuízos que podem superar os R$ 70 bilhões devido à redução de 24 milhões de toneladas nas colheitas de soja, milho, arroz e feijão em quatro estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. O levantamento foi noticiado peloO Globo. A situação de Santa Catarina foi classificada como “desumana” por uma moradora ouvida pelog1. Ao todo, 125 dos municípios já decretaram emergência (42% do total), e os prejuízos alcançam R$ 3,7 bilhões em fevereiro para a agricultura catarinense. Uma atualização publicada pela Administração Nacional Oceânica Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) indica que o frio deverá chegar mais cedo neste ano, segundo O Globo. O fenômeno La Niña atingiu o seu pico e deve terminar antes do inverno de 2022, contribuindo para reduzir as temperaturas no outono. A MetSul, no entanto, adverte que as chuvas deverão dar uma trégua para as regiões dos estados no sul onde tem chovido, inclusive nos próximos dias, mas as precipitações deverão continuar irregulares no primeiro semestre, ou seja, o quadro está longe de ser normalizado.
Emissões de metano estão 70% maiores do que o estimado pelos governos, diz IEA O metano continua nas manchetes: a Agência Internacional de Energia (IEA) reavaliou as emissões do gás dizendo que ele é responsável por quase ⅓ do aquecimento da atmosfera. As maiores emissões vêm da agropecuária, mas são seguidas, não muito de longe, pelos vazamentos da produção de combustíveis fósseis. Durante muito tempo, as minas de carvão emitiram muito metano. Com o declínio desta indústria, os vazamentos na exploração e transporte de petróleo e gás tomaram a dianteira. 40% do metano que foi para a atmosfera vieram do setor de energia fóssil. O relatório “Global Methane Tracker”, lançado ontem, diz que países e empresas emitem 70% mais metano do que vem declarando. A Rússia é a campeã em emissões, 14 milhões de toneladas, e em como escondê-las. As operações de fracking nos EUA vêm logo atrás, 14 milhões e, em terceiro, o Irã e países da Ásia Central como o Turcomenistão. Lembrando que uma molécula de metano, ao longo de um período de vinte anos, tem um impacto 80 vezes maior do que o CO2. Segundo o IEA, o Brasil emitiu quase 20 milhões de toneladas de metano no ano passado e está em 5º lugar nas emissões totais, atrás de China, Índia, EUA e Rússia. Segundo oSEEG, o rebanho bovino arrota 70% do metano nacional, enquanto os vazamentos das cadeias fósseis mal chegam a 2%. A segunda maior fonte é o desmatamento, seja pelo apodrecimento da vegetação cortada, seja pela combustão incompleta nas queimadas. O diretor executivo da Agência, Fatih Birol, disse que a alta nos preços do petróleo e do gás é razão mais do que suficiente para todos os atores tratarem de tapar todos os vazamentos. Algo, em tese, mais fácil do que fazer a humanidade toda virar vegana. O trabalho foi destaque nos Guardian,AP,ReuterseFinancial Times . Todos ressaltaram que as emissões tradicionalmente reportadas estão muito subestimadas. Em tempo:A menção ao declínio do carvão deve ser relativizada. A Bloomberg fala da China, informando que o órgão máximo de planejamento daquele país acaba de aprovar três novas minas de carvão com investimentos de quase US$ 4 bilhões para produzir, anualmente, 19 milhões de toneladas de carvão. Quando queimado, o carvão destas três minas terá emitido 45 milhões de toneladas de CO2.
Incêndios florestais aumentarão em 30% até 2050 em todo o mundo, alerta ONU Na medida em que a temperatura da atmosfera sobe, aumenta a quantidade, a intensidade e a área atingida por incêndios florestais, prevê novo relatório do PNUMA. Até a metade do século, devem acontecer incêndios até no Ártico, como o que ocorreu na Groenlândia em 2019, porque o gelo está dando lugar à vegetação em um ambiente em geral seco. O relatório também chama a atenção para o aquecimento global produzir mais incêndios que, por sua vez, aquecem duplamente a atmosfera - pelo calor e pelo CO2 emitido. Talvez a constatação mais importante do relatório seja a de que nenhum país está preparado para os incêndios que virão pela frente. Os governos “estão muitas vezes colocando dinheiro no lugar errado. Os trabalhadores dos serviços de emergência e bombeiros nas linhas de frente que estão arriscando suas vidas para combater os incêndios florestais precisam ser apoiados”, conta Inger Andersen, diretora executiva doPNUMAno release do trabalho. "Temos que minimizar o risco de incêndios extremos, estando melhor preparados: investir mais na redução do risco de incêndio, trabalhar com as comunidades locais e fortalecer o compromisso global de combater a mudança climática”. Se esse aviso faz sentido frente aos incêndios na costa oeste da América do Norte e ao longo da costa do Mediterrâneo, aqui, a principal ação deveria ser simplesmente fazer valer a lei e acabar com as queimadas. AAgência Brasilcomentou o trabalho, lembrando das queimadas que tanto destruíram o Pantanal em 2020. Vale ver as matérias deNew York Times, Washington Post,CNN,Guardian,Reuters. AP,BBCe Para checar se o Facebook cumpre com sua palavra, o CCDH analisou 184 postagens com conteúdo negacionista dos 10 editores digitais cujos artigos representam 69% das interações do Facebook com artigos de negação climática. Foram avaliados postsDivulgado ontem (23/2), o relatório do CCDH vem na sequência dos advogados de Fances Haugen, denunciante do Facebook, apresentarem uma nova queixa à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA neste mês, alegando que a empresa enganou os investidores sobre seus esforços para combater as mudanças climáticas e a desinformação acerca da COVID-19.Reuters,The HilleIndependent
Metade dos posts negacionistas escapa do fact-check climático do Facebook Nova análise do Centro de Combate ao Ódio Digital (CCDH) de Londres mostrou que o Facebook não adicionou rótulos a metade da desinformação postada pelos principais negacionistas das mudanças climáticas. Este recurso foi anunciado no ano passado pela Meta Platforms, detentora da marca Facebook: rótulos informativos a alguns posts sobre mudanças climáticas direcionando os usuários ao seu novo hub do Climate Science Information Center. publicados entre maio de 2021 e janeiro de 2022, depois que a Meta anunciou que o recurso tinha sido lançado em vários países, incluindo os Estados Unidos. A análisemostrou que 50,5% deles não tinham rótulos de informações.
repercutiram o relatório.do Center for Political Accountability mostra que grandes empresas como Walmart, Amazon, AT&T, Uber e Citigroup estão minando suas promessas climáticas com doações de quantias significativas para eleger procuradores-gerais republicanos, que frequentemente atuam como inimigos das políticas e regulamentos climáticos. Além dos nomes e das cifras, o relatório destaca dois casos em que os procuradores-gerais republicanos impediram que políticas e regulamentos climáticos entrassem em vigor. OWashington Posttraz mais detalhes.Apesar do crescente reconhecimento de que o mundo está produzindo mais plástico do que sua capacidade de lidar com ele, a indústria petroquímica continua aumentando a sua produção de plásticos novinhos em folha. Umrelatório Em tempo:Relatório
Menos de 10% do plástico global é corretamente reciclado, diz OCDE divulgado na terça-feira (22/2) pela OCDE constata que apenas 9% dos 353 milhões de toneladas de resíduos plásticos do mundo foram reciclados em 2019. O restante foi queimado, colocado em aterros sanitários, ou "mal administrado" - despejado em locais não controlados, queimado em fossos abertos, ou vazado para o meio ambiente, ameaçando a fauna aquática em todos os cantos do planeta. "O atual modelo linear de produção, consumo e descarte de plásticos em massa é insustentável", conclui o relatório.Valor,Folhae Politicoderam destaque. Na próxima semana, começa em Nairóbi, no Quênia, a Assembleia da ONU para o Meio Ambiente, e a poluição por plástico será tema. É possível queum acordo vinculante para conter a proliferação de plástico seja alcançado entre os maiores produtores. Isso representaria um ponto de virada em relação à estratégia atual da indústria, que é chorar sobre o leite derramado ou promover iniciativas de limpeza oceânica e costeira quando a tampinha de garrafa pet já está dentro da tartaruga. Segundo a Reuters, o ministério do ambiente da China - país maior produtor de plástico - garantiu que a adesão ao possível pacto está no horizonte.A crise Rússia-Ucrânia-EUA está forçando uma mudança diferente de qualquer outra antes na geopolítica da Europa. A União Europeia está fazendo planos para uma ruptura permanente e de longo alcance com o petróleo e o gás russos.The New York TimeseWashington Post
Crise no Leste Europeu "rebaixa" o clima na agenda política global
noticiam a estratégia planejada pela Comissão Europeia para a próxima semana visando acelerar a transição para as energias renováveis, para que a Europa nunca mais seja tão dependente da energia fóssil da Rússia para manter as suas casas aquecidas e suas fábricas funcionando.diz que Joe Biden foca-se em uma crise de política externa que certamente testará sua liderança no cenário mundial e, também, entre os norte-americanos divididos sobre o conflito e seus custos potenciais. Até então Biden procurou orientar sua presidência em direção às prioridades domésticas, principalmente a pandemia de coronavírus e a inflação que veio com uma forte recuperação econômica. OWall Street Journal Em tempo: A queima de gás dispara no México prejudicando suas promessas para o Acordo de Paris, enquanto o país busca aumentar a produção de petróleo, registra Reuters.
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