A Galeria Jaqueline Martins tem o prazer de apresentar, a partir do dia 21 de maio, às 18h,a exposição Se Disser Que Fui Pássaro da artista paulistana Ana Mazzei. A mostra, aberta até 21 de junho, dá continuidade à pesquisa iniciada durante uma residência artística de seis meses na Cité Internationale Des Artes em Paris, em que Mazzei desenvolve uma busca inquietante pelas várias camadas da cidade, tanto simbólicas quanto plásticas. A exposição tem curadoria de Maria Montero.
Mazzei organiza seu mundo pictórico como um diorama, e suas construções se apropriam dos procedimentos usados pelo teatro, tanto no campo estético como no campo conceitual. A artista cria cenários, produzindo atores, agentes, silêncios, dramaturgias, todas deslocadas de sua função evidente, desconstruindo papéis.
Quadrante é a grande instalação situada do lado de fora da galeria. A obra é um aparelho de avistamento que calcula a distância através de uma organização geométrica. Como um penetrável medieval ele serve ao participante, oferecendo uma experiência de navegação que leva ao desconhecido, a uma experiência extra corporal.
“All the world’s a stage”, famosa frase de Shakespeare, é base de sua poética, e assim a artista lança mão do teatro como simulacro. No vídeo O Manto, apresentado sob uma cortina fechada, a imagem é um enigma, já que as ações que se desenrolam sobre o palco não se desvendam, e o que se vê, afinal, é o movimento fantasmagórico da cortina e seus atores escondidos.
A artista apresenta ainda conjuntos de pequenos objetos, confeccionados com borracha, madeira e feltro sintético. São estruturas-cidades elaboradas a partir de um jogo de escalas, que geram uma arquitetura imaginária. Em sua ficção, esse complexo é visto de cima. De lá, avistamos os excessos, as repetições, a cidade inalcançável. Todas as coisas convivendo simultaneamente na sua materialidade. Como em Quadrante, esses lugares utópicos são um projeto de avistamento que nos transportam para perspectivas dissociados do plano real. Na poética de Mazzei, a arte contemporânea encarna a função da arqueologia, na busca por espaços e planos intangíveis, e pelos fragmentos de cidades sonhadas outrora.
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