Para sua primeira exposição individual na Casa Triângulo, Ivan Grilo apresenta um conjunto de obras que aparecem como desdobramentos de duas pesquisas recentes do artista nos últimos anos: a herança cultural africana na sociedade brasileira, principalmente os conhecimentos transmitidos através de gerações pela oralidade, os quais Grilo observou durante sua pesquisa de campo em 2014 na Bahia motivado por um projeto de Mario de Andrade dos anos 1930/40. Somado a isso, a continuação de sua investigação sobre a obra de Lina Bo Bardi, com foco principal no período em que a arquiteta italiana viveu na região nordeste do Brasil.
“Eu quero Ver” é o cruzamento dessas duas pesquisas aparentemente distintas, porem unificadas por um ponto em comum: a busca pela necessidade narrativa do homem brasileiro, nesse caso em especial na região nordeste. O titulo da exposição surge parcialmente do uso de camadas e visibilidades presente na obra do artista, e também faz alusão à uma canção de 1974 de Jorge Ben, que diz “Eu quero ver quando Zumbi chegar, o que vai acontecer”. Segundo Ivan Grilo, “a exposição faz referência [e reverência] a ícones da historia brasileira como Zumbi dos Palmares e Antônio Conselheiro. Há trabalhos que fazem menção à exposição Nordeste do Brasil, montada em Roma em 1965, com curadoria de Lina Bo Bardi, porém nunca aberta ao publico em função da censura realizada pela ditadura militar brasileira através de suas embaixadas.”
O núcleo da exposição é um trabalho composto por três imagens e uma intervenção no espaço; são estudos sobre movimentos circulares presentes nas danças do Candomblé, nos voos dos urubus e nas escadas caracol de Lina, as quais inspiraram o artista a fazer uma escada de ferro baseada num desenho original da arquiteta, que leva do primeiro ao segundo plano da exposição e permite ao espectador a experiência corporal de girar em torno de um eixo.
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