Cia Danças Claudia de Souza celebra
20 anos com “Beija minha mão”
Trabalho estreia no Centro Cultural Olido e encerra a trilogia do samba,
iniciada em 2012 pela companhia.
Dentro da pesquisa a respeito do Samba, sua origem e tradição, surgiu a proposta da Trilogia Samba. Nessa investigação, dois trabalhos já estão no repertório da Cia: Profanação (2012) e Roda de Pólvora (2014). O terceiro e último trabalho, Beija minha mão, faz temporada de estreia de 6 a 9 de outubro, no Centro Cultural Olido (Sala Paissandu), encerrando as comemorações dos 20 anos da Cia Danças Claudia de Souza, "Projeto Danças 20 anos", contemplado pela 18ª Edição do Programa de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo.
Em Beija minha mão, a Cia verticaliza a compreensão sobre o Samba enquanto um processo ritualístico, que vem dialogar com o interesse de tratar os aspectos sociais e relacionais da cultura brasileira para além de seu folclore. O espetáculo se desenvolveu a partir da construção de um estado corporal subjetivo - o estado de Liminaridade - de colocar-se no limite, ou entre dois estados diferentes de consciência e existência, exigindo do intérprete uma entrega, presença, atenção; em suma, uma fisicalidade própria. Este estado de Liminaridade vem, então, somar elementos e sensações à pesquisa de linguagem desenvolvida ao longo dos 20 anos de existência da Cia.
Dessa forma, a dramaturgia desenvolvida aciona estímulos sensoriais, entrando em contato com a história, memória e o corpo de cada intérprete.
O público, por sua vez, mais que um espectador, torna-se uma parte ativa da instauração deste estado. Um contato que não se dá somente no plano físico, pele-com-pele, mas que é imantado à distância, pela construção coletiva de um ambiente e de um outro modo de estar.
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Serviço: Cia Danças Claudia de Souza estreia "Beija minha mão"
Quando: de 06 a 09 de outubro (quinta a sábado, às 20h; e domingo, às 19h)
Onde : Centro Cultural Olido – Sala Paissandu - Avenida São João, 473 - 2º andar - Centro São Paulo/SP Tel.: 11 3397-0171
Lotação: 136 lugares
Ingressos: Entrada gratuita (retirar ingressos com uma hora de antecedência na bilheteria do teatro)
Classificação Indicativa: livre
Duração: 50 minutos.
Sobre a Cia
Cia. Danças Claudia de Souza vem desenvolvendo sua trajetória no cenário artístico da dança há 20 anos por meio de uma intensa atividade que tem como foco a pesquisa, criação, difusão e formação cultural, o que evidencia a construção de uma linguagem própria, com trabalhos que exploram questões ligadas ao contexto sócio cultural brasileiro, relevantes para a formação de sua identidade corporal.
Com o intuito de utilizar a individualidade do intérprete, absorvendo e transitando por diversas técnicas corporais, Claudia de Souza e Cia. Danças, em 1996, dão início a um processo de pesquisa que visa o resgate de uma identidade corporal brasileira, através da criação de um corpo e de um processo de criação híbridos que envolvem a criatividade, a técnica, o estudo, a experimentação e a subjetividade como forma de retratar a diversidade expressiva da cena contemporânea, entendendo a cultura como um conjunto de manifestações que se referem a tudo aquilo que nós humanos colocamos no mundo.
Iniciou-se um diálogo com a cultura popular, primeiramente com a Capoeira que proporcionou ao bailarino um novo olhar para o movimento explorado até então.
A dramaturgia desenvolvida nos trabalhos da Cia Danças surge através de estímulos que propõem ao bailarino entrar em contato com sua história pessoal e com a memória cultural que nele se inscreve.
O corpo buscado pela companhia retrata esta história e sua cultura, determinando a maneira como ele percebe e se insere no
mundo, entendendo que não podemos agir ou interagir se não for através deste veículo.
A Cia Danças Claudia de Souza consolida sua trajetória artística, construindo uma linguagem baseada na investigação de um corpo brasileiro, através do resgate de nossa cultura e da ressignificação de códigos e conceitos, trazendo à tona questões sobre técnica, estética, identidade e representação social numa experiência relacional que perpassa o social, o histórico, o político e o simbólico.
Ficha Técnica:
Direção Geral: Claudia de Souza
Assistente de Direção: Cristiana de Souza
Elenco: Claudia de Souza, Cristiana de Souza, Janaína Castro, Yeda Peres
Assistência de palco: Carolina Tomaz, Rozmarie Araruna e Douglas Salgado
Edição de trilha sonora: Clara Portela
Iluminador: Flávio M.Silva
Programação Visual – Luiz Trigo (Voga Design Gráfico)
Fotografia – Noélia Najera
Assessoria de Imprensa - Elaine Calux
Coordenação de Produção: Cristiane Klein (Dionísio Produção)
Apoio: Cooperativa Paulista de Teatro e Espaço Cia Danças
Classificação Indicativa: livre
Duração: aproximadamente 50 minutos.
APRESENTAÇÃO
A Cia. Danças Claudia de
Souza, companhia paulistana de dança contemporânea, desenvolve há 20 anos um
trabalho autoral de pesquisa de linguagem, através de obras que exploram
questões ligadas ao contexto sociocultural brasileiro, tendo como foco a
criação de uma identidade corporal que exprima as relações do ser humano na
contemporaneidade, promovendo a pesquisa, a criação, a difusão e a formação
cultural.
Da fusão entre diversas
técnicas e estímulos corporais, originalmente entre a Dança Clássica e Dança
Moderna e, depois, a Capoeira, criou-se um universo de inspiração que se
expandiu para as Danças Sociais Brasileiras, as Artes Visuais, a Improvisação,
o Teatro, a Educação Somática e outras expressões, originando, assim, uma
pesquisa que, com o objetivo de criar uma linguagem própria, está baseada no
resgate da cultura brasileira, transcendendo suas manifestações folclóricas e
abordando a cultura como um fator determinante para a construção da nossa
corporalidade.
A pesquisa de linguagem
desenvolvida por Claudia de Souza e a Cia. Danças busca, então, a identidade de
um corpo dançante brasileiro e traz em cena o intérprete como criador e
transformador do movimento. Dentro desta investigação, a companhia aborda a
relação do bailarino-intérprete com seu próprio corpo, além da sua relação com
o corpo do outro (bailarinos e público) e com outros fatores do movimento, como
o Espaço e o Tempo. Os afetos, as emoções e sensações que permeiam estas
relações configuram-se como temáticas para a pesquisa corporal e dramatúrgica.
Para a Cia Danças, este
caráter multidisciplinar traz consistência para a produção artística e, a
partir da pesquisa prática (que passa por técnicas universais da dança, das
artes do corpo e das artes cênicas) e da reflexão e pesquisa teórica (que, de
acordo com as especificidades de cada trabalho, pode transitar pelas ciências,
pela sociologia, pela filosofia, pela literatura) tem-se o que Claudia de Souza
busca como uma reflexão acerca da contemporaneidade.
Comprometida com o
fortalecimento da dança contemporânea enquanto linguagem artística, a Cia
Danças Claudia de Souza se torna com o passar dos anos um núcleo criativo,
composto por artistas e pesquisadores que contribuem para a formação, no âmbito
social, de uma cultura de reflexão fundamentada na arte. Além de primar pela
excelência artística de seu trabalho, a companhia percebe a importância de
atividades que confluam para a elaboração e difusão de material documental e
reflexivo sobre a criação, a investigação e a produção de arte, e de práticas
que priorizem a democratização e o acesso à formação e informação cultural.
Trilogia
Samba
Um
pouco sobre a pesquisa e coleta do material para criação dos espetáculos da
Trilogia Samba.
Dentro
da pesquisa e investigação do Samba, a Cia percebe que há muito a ser
trabalhado e encenado; para isso surgiu a proposta da Trilogia Samba.
Nessa investigação, dois trabalhos já estão no repertório da Cia: Profanação (2012) e Roda de Pólvora (2014) e o terceiro e
último trabalho, Beija minha mão, com
estreia prevista para outubro na Galeria Olido, de 06 a 09.
Durante
o período de coleta de material, a companhia passou a compreender o Samba enquanto
um processo ritualístico que vem dialogar com o interesse de tratar os aspectos
sociais e relacionais da cultura brasileira para além de seu folclore. Desde as
primeiras investigações em dança contemporânea, Claudia de Souza já
experimentava o que hoje consegue conceituar como corpo-ritual. No
início, a aproximação com a capoeira abriu espaço para trabalhar com as
tradições, através da cultura popular e sua ancestralidade. A percepção desse
estado que, no primeiro momento da pesquisa, se traduziu como um estado de
atenção criativa e de ação, que são elementos por onde a capoeira transita,
revelou-se como um potente atributo para o intérprete utilizar a seu favor
durante a coreografia das diferentes obras do repertório. Assim, a capoeira
interessou num primeiro momento, para além de sua movimentação, como uma
prática relacional brasileira que se dá por meio do corpo, da presença e do
jogo estabelecido entre os presentes na roda, e no nosso caso, na cena – o jogo
cênico.
Das
pesquisas em diferentes grupos de capoeira, a tradicional roda de samba
praticada ao final de cada jogo foi se revelando como outra potente referência
para a investigação do corpo-ritual. Deste modo, a pesquisa corporal da
companhia com a capoeira foi aos poucos se somando às práticas do samba de
raiz, o que rendeu material para a Trilogia Samba. Deste contato intenso
com a capoeira e com o samba, assomou-se outra prática afro-brasileira e
popular que experimenta este corpo-ritual: a umbanda e, em seguida, o
candomblé.
Ao longo
de 20 anos, a companhia desenvolveu um conjunto de estados, sensações e
pensamentos que se organizam de tal forma que se faz comunicar por códigos
autorais tanto estéticos quanto sensoriais, e que somente após esta longa trajetória
podem ser reconhecidos. A este conjunto damos o nome de corpo-ritual.
Um pouco sobre o que chamamos de corpo-ritual.
A
vivência (em campo, inclusive) que esbarramos nos rituais das religiões
afro-brasileiras, que nos têm levado à experiência do estado corporal vividos
nesses encontros, um estado de liminaridade que tem sido o que
experienciamos nesse processo.
Liminaridade (do Latin līmen): é um estado subjetivo, de
ordem psicológica, neurológica ou metafísica, consciente ou inconsciente, de
estar no limite ou entre dois estados diferentes de existência.
Nesse
caminho, encontramos um estado corporal que nos modifica, exigindo do
intérprete uma entrega, presença, atenção, em suma, uma fisicalidade própria.
Modificando o tônus muscular, a percepção, o foco, entre outros aspectos, o
estado de liminaridade vem somar elementos e sensações à pesquisa de linguagem
desenvolvida nos 20 anos de existência da Cia.
A
experimentação e apropriação do que chamamos de corpo-ritual tem nos feito
repensar e transformar a forma de estar na cena, a forma do sentir e
estabelecer contato entre os bailarinos e, sobretudo, as relações estabelecidas
indiretamente entre os bailarinos e o público. Dessa forma, a dramaturgia
desenvolvida aciona estímulos, entrando em contato com a história, memória e o
corpo de cada intérprete.
O
público, mais que um espectador, torna-se uma parte ativa da instauração deste corpo-ritual.
Um contato que não se dá somente no plano físico, pele-com-pele, mas que é
imantado à distância, pela construção coletiva de um ambiente, de um outro modo
de estar.
Elaine Calux - assessoria de imprensa
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