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Literatura japonesa: a urgência de Kenzaburo Oe

 

#14 - Quinta-feira, 14 de abril de 2022
Artigo
 

Jogo de reminiscências


Com toques autobiográficos e autorreferenciais, romance de ganhador do Nobel Kenzaburo Oe é prova de que uma história pode ganhar vida própria

Existe na escrita de Kenzaburo Oe a urgência de uma história a ser contada. Uma narrativa que se impõe, implacável, sobre a vida de quem escreve — ora corroendo o presente, imiscuindo-se no tecido do cotidiano e manipulando a memória do hospedeiro até por fim ganhar o papel, ora surgindo, fulminante, num irrecusável chamado à escrita. Vida e literatura, biografia e processo criativo se mesclam, assim, de forma indissociável e íntima.


A substituição ou As regras do Tagame, de 2000, publicado agora no Brasil, parece ser, na trajetória de Oe, o paroxismo desse modus operandi. Aqui, o escritor Kogito Choko — alter ego que está para Oe como Nathan Zuckerman está para Philip Roth — ganha de presente do cineasta Goro, seu amigo e cunhado, um gravador cujos fones se assemelham aos enormes besouros de sua infância: tagame, em japonês. Junto vem um baú com fitas cassete contendo ininterruptos monólogos de Goro sobre cinema e literatura, sobre Rimbaud e projetos inacabados e sobre a vida pregressa de ambos. Numa delas, ele se despede. “… É isso. Agora estou me transferindo para o outro lado”, diz a voz, seguida do baque surdo do corpo no chão. “Porém, nossa comunicação não se interromperá”, segue Goro. “Para tanto, preparei expressamente o sistema do Tagame.” Minutos depois, Chikashi, mulher de Kogito e irmã de Goro, traz a notícia do suicídio.

Leia na íntegra o texto de Willian Vieira.

(No alto da newsletter, o escritor japonês Kenzaburo Oe. Ulla Montan/Divulgação)
Clube de leitura

Amor epistolar

Clube de Leitura Japan House São Paulo + Quatro Cinco Um realiza encontros virtuais que colocam em foco obras da ficção japonesa publicadas no Brasil. Em abril, a conversa gira em torno do livro O fuzil de caça, de Yasushi Inoue, publicado no Brasil pela editora Estação Liberdade, com tradução de Jefferson José Teixeira. O encontro acontece na quinta, 28 de abril, às 19h. O convidado do encontro será divulgado em breve. O romance epistolar fala sobre um caso de amor extraconjugal no período do pós-guerra no Japão.

O clube de leitura já recebeu grandes profissionais da tradução japonesa no Brasil, autores brasileiros contemporâneos, editores, críticos, jornalistas e personalidades da cultura para discutir obras de Kawabata, Junichiro Tanizaki, Haruki Murakami, Sayaka Murata, Yoko Ogawa, Yoko Tawada, Sei Shonagon, Banana Yoshimoto, Yoshiharu Tsuge e muitos outros mestres de uma tradição literária de enorme força e beleza. Natasha Barzaghi Geenen, diretora cultural da Japan House São Paulo, e Paulo Werneck, diretor de redação da Quatro Cinco Um, compartilham a curadoria e a mediação dos encontros, que acontecem sempre na última quinta-feira do mês.


O fuzil de caça pode ser adquirido com 30% de desconto no site da Estação Liberdade com o código CLUBE451 até o dia 30 de abril.

Livro: O fuzil de caça, de Yasushi Inoue 
Data: 28 de abril
Hora: 19h (duração aproximada de 1h)
Local: on-line
Valor: gratuito
Inscrição: no site da Japan House São Paulo
Evento

Por dentro do mangá

Encontro explora aspectos estéticos e culturais dos quadrinhos japoneses

O Ciclo de Mangá, promovido uma vez por mês pela Japan House São Paulo, pretende ressaltar aspectos estéticos e culturais da cultura nipônica encontrados nos personagens, cenários, diálogos e acontecimentos das obras selecionadas. O próximo encontro, que acontece no dia 23 de abril, às 17h, abordará o quadrinho Garden, de Yuichi Yokoyama.


Ainda não publicado no Brasil, trata-se de um trabalho fortemente experimental em que o autor compõe uma narrativa visual única, mesclando cenários geométricos, frases onomatopeicas e personagens peculiares para pensar a forma do mangá como uma representação do tempo e espaço. Saiba como participar do evento no site da Japan House São Paulo.
Evento

Para os pequenos

Contação de história traz ao público infantil histórias da cultura nipônica

Para apresentar a cultura dos banhos públicos japoneses retratada no livro infantil da dupla nipônica Tupera Tupera, a Japan House São Paulo apresenta uma sessão de contação do livro infantil Balneário Panda, com a contadora de histórias Andi Rubinstein e o músico André Hosoi.


Andrea Rubinstein, conhecida como Andi, trabalha com histórias e imaginação como ferramentas para a transformação humana há mais de vinte anos. Fez mestrado em artes cênicas nos Estados Unidos e foi treinada em storytelling na tradição oral das culturas do mundo por grandes mestres do Brasil, da África, dos Estados Unidos, do Canadá e da Inglaterra.

André Hosoi é formado em música popular pela Unicamp e é cofundador e coordenador-geral do Núcleo Barbatuques, que realiza trabalhos pedagógicos e de entretenimento usando como ferramenta a música corporal. Músico multi-instrumentista, produtor musical, professor, ilustrador e designer, é integrante do grupo Barbatuques desde 1995.

O evento, recomendado para crianças de 4 a 12 anos, acontece no domingo, 24 de abril, às 11h30 e às 14h30.
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